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AVC: Crianças não estão imunes

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Cerca de seis milhões de pessoas morrem anualmente em decorrência do acidente vascular cerebral (AVC) e isso não é limitado aos adultos. O que poucos sabem é que o AVC é também uma das principais causas de óbito infantil, sendo que sua incidência mundial é entre 2 a 10 casos por cada 100 mil crianças até 18 anos, fazendo com que os principais centros de pesquisas na área da saúde passassem, a partir da virada do século, a se preocupar com o fato que antes era caracterizado como paralisia cerebral. “A incidência cai em 50% após o primeiro ano de vida. Nos EUA, estudos mostram que 3.000 crianças são afetadas ao ano. Infelizmente em nosso País, ainda faltam dados para uma avaliação da real incidência de AVC pediátrico em todo território, mas acredita-se ser semelhante ao da literatura mundial,” explica o médico Wagner Avelar, coordenador do Grupo Neurovascular do Departamento de Neurologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), reconhecidos mundialmente devido à realização de estudos sobre o problema, no Brasil.

Causas

Segundo o coordenador, as causas que podem levar ao AVC na infância são diversas e diferentes das associadas a um AVC que pode ocorrer em um adulto. O AVC divide-se em hemorrágico, quando há rompimento do vaso sanguíneo; e isquêmico, quando há obstrução do vaso. A maioria dos ‘AVC’s’ isquêmicos em crianças acontece devido a uma doença de base, como:

  • Doenças hematológicas como anemia falciforme, leucemia e linfoma;
  • Cardiopatias congênitas como defeito no septo atrial, constrição da aorta, persistência do canal arterial; ou adquiridas como arritmias, endocardites, doença reumatológica, entre outras;
  • Complicações de infecções como varicela, meningite, HIV, ou mesmo secundárias como complicações após meningites e otites;
  • Anomalias vasculares como doença de Moyamoya, dissecção arterial, malformação arteriovenosa;
  • Traumas e outras causas, associados principalmente a AVC hemorrágico, como lesão craniana, desidratação, entre outros.

Quando ocorre?

O AVC infantil pode ocorrer em qualquer faixa etária, inclusive na vida intrauterina. “O risco é maior no período periparto (tempo determinado entre o último mês de gravidez até cinco meses após o parto), antes do nascimento e nas primeiras semanas (aproximadamente metade dos casos ocorrem dentro dos 28 dias após o nascimento). Nos casos de acidentes vasculares intrauterinos, os partos são perfeitamente normais e somente após um período de 4 a 5 meses de vida podem começar a aparecer sinais como discretas paralisias ou preferência para utilizar uma das mãos,” explica Wagner.

Identificando o AVC

baby-hand

Para identificar o AVC em crianças, é preciso ficar atento aos sinais e sintomas, sendo os principais: fraqueza de um dos lados do corpo e paralisia facial, além de súbita dificuldade na fala e na expressão. Outros sintomas como sonolência, crises epilépticas ou mesmo distúrbios de comportamento de início súbito podem acontecer. Em crianças menores de um ano, que não sabem se expressar, é possível identificar a ocorrência do acidente caso já nessa idade apareça a preferência para utilizar uma das mãos e se um dos lados do corpo da criança é pouco utilizado, pois tal preferência é incomum nessa faixa etária. Segundo o coordenador também vale observar se subitamente a criança começa a mancar ou arrastar a perna, o que também pode ser um sinal de AVC. “Em casos de AVC neonatal, deve-se ficar atento com o aparecimento de crises epilépticas (10% das crises que ocorrem nesse período são secundárias ao AVC), na maioria das vezes se manifestando como crises motoras focais, envolvendo um membro,” completa.

Como evitar?

 

Wagner ainda explica que em alguns casos é possível prevenir a ocorrência de um acidente vascular cerebral. “Em particular, nas crianças portadoras de anemia falciforme, o exame de doppler transcraniano, realizado rotineiramente, é de fundamental importância na prevenção do AVC. A simples padronização do exame nesse grupo de pacientes fez com que a incidência de AVC ao ano caísse de 10% para 1%,” conta o médico.

Sobrevivência e sequelas

Segundo Wagner, as chances de sobrevivência para uma criança que sofre um AVC depende muito da extensão e do local do cérebro em que o acidente vascular ocorreu. “No AVC que acomete todo o território da artéria cerebral média ou em tronco encefálico, as chances são menores quando comparados a outros territórios,” explica o médico. Em relação à recuperação para os que sobrevivem ao problema, crianças têm maiores chances do que adultos, devido à neuroplasticidade cerebral (capacidade do sistema nervoso em alterar sua forma) que favorece o prognóstico, porém até 50% dos pacientes podem ficar com alguma sequela, que pode ser motora, como fraqueza em algum membro, comportamental ou mesmo cognitiva.

Tratamento

O AVC é um problema passível de ser tratado. “O tratamento consiste basicamente em duas etapas. A primeira é tratar a causa provável que levou ao evento. A segunda é a reabilitação o mais precoce possível, com o objetivo de devolver a funcionalidade à criança. Basicamente o tratamento consiste em um atendimento multidisciplinar com médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais,” finaliza Wagner.

Por Talita Ramos

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