Por Cris Marques
Fotos: Arquivo pessoal e banco de imagens

Ouvir uma boa música tem o poder de melhorar o ânimo, alegrar, relaxar, proporcionar vivências e experiências positivas e momentos de catarse e liberação de energia, trazer à tona lembranças e saudades, proporcionar a reflexão e a crítica sobre si mesmo e o meio em que se vive, ajudar na interação, socialização, criatividade e desenvolvimento de habilidades e até curar alma e corpo. Carolina Ferreira Santos, musicoterapeuta, especializada em neurociências, explica que a música é uma ferramenta de desenvolvimento social, psicológico e biológico e a musicoterapia é a ciência que estuda a relação entre o homem e o som. “Essa é uma terapia criada a partir da identidade sonora do paciente, ou seja, suas particularidades, gostos e preferências musicais, e aplicada por um musicoterapeuta, profissional qualificado para isso, tendo cursado uma graduação ou pós-graduação na área”.

Segundo ela, a técnica pode ser utilizada na gestação, com crianças, adolescentes, adultos e idosos no processo de autoconhecimento e qualidade de vida, deficiências, transtornos do desenvolvimento, déficit de atenção, hiperatividade, AVC, Parkinson Alzheimer, depressão, transtorno bipolar, dependência química, entre outros. “No caso das grávidas, a ferramenta pode ser utilizada desde o início da gravidez. Ela pode auxiliar na construção de vínculos entre mãe e bebê, experiências de autoescuta, alterações emocionais vividas pela gestante e favorecer a comunicação entre a família”.

Além da audição de músicas, a mulher também pode cantar, tocar e até compor canções para o filho. “Isso é positivo para o reconhecimento da voz da mãe após o parto, pois tudo o que foi ouvido dentro da barriga será reconhecido pela criança. […] Há quem diga ‘escute esse ou aquele estilo’, mas, na verdade, o que importa é a identidade sonora daquela pessoa, já que cada processo musicoterapêutico é único”.

Benefícios em notas musicais

 

Para Carolina, que atua com musicoterapia aqui em Guarulhos, na Comunicare – Clínica e Consultoria Multidisciplinar (rua Leonardo Valardi, 59, Jardim Gumercindo), procurar essa ferramenta terapêutica durante a gestação só traz benefícios. “Será uma experiência acolhedora que proporcionará melhor qualidade de vida para mulher e bebê, refletindo, inclusive, no crescimento da criança. A mãe até pode fazer uso da música em casa, ouvindo canções e cantando; porém os benefícios não serão os mesmos do processo musicoterapêutico, que requer profissional formado, técnicas e procedimentos específicos”.

Terapia(s) do bem

Para Fernanda Lima Arantes, enfermeira estudante de naturopatia, acupuntura e PNL (Programação NeuroLinguística) e mãe da Maya, de apenas 8 meses, a música sempre foi algo presente em sua vida. “Chegar em casa e ligar o som para relaxar é uma das coisas mais prazerosas do meu dia a dia. Além disso, trabalho em uma unidade de terapia intensiva (UTI) e lá temos musicoterapia. Uma vez por semana, vai um músico tocar violino ou sanfona para os pacientes e isso acaba sendo envolvente também pra gente que é da equipe”. Ciente de todos esses benefícios terapêuticos, ela usou a arte em sua gravidez. “Música melhora a qualidade de vida, diminui o estresse, ajuda a expressar os sentimentos, alivia a dor… Para mim foi natural, porque eu já utilizava no meu cotidiano e nos estudos. Tenho depressão e durante a gestação tive essa preocupação para que a bebê não sentisse minhas crises; então, dava o ‘play’ e conversava bastante com ela. Também usei cromoterapia, aromaterapia e argiloterapia”.

A entrevistada conta que, na época, escutava de tudo, mas sempre deu preferência para o estilo clássico, mantras e cânticos, sons relaxantes e cantigas de ninar. “Era nítida a mudança no comportamento dela. Com melodias mais agitadas, ela não parava de se mexer e chutar; já com as mais calmas, ficava bem quietinha. Dancei muito com ela dentro da barriga. Hoje, nos momentos de relaxamento, principalmente na hora de dormir, a reação é imediata: Maya começa a ouvir, estampa um sorriso e, após alguns minutos, cai no sono. […] Acredito que tudo que dá certo deve permanecer e com a música não foi diferente. Ela presta muita atenção ao ouvir qualquer ruído; o primeiro bercinho era musical, quando tinha cólica colocava o som do útero, seus brinquedos imitam instrumentos e, definitivamente, ela ama!”, finaliza.

Carolina Ferreira Musicoterapeuta