Por: Cris Marques
Fotos: Acervo N. Cabuçu/PEC, Karen Ikuta/PEC e arquivo pessoal
Estar em meio à natureza, fazer uma trilha ou apenas curtir a paisagem pode ser revigorante e nem precisa ir muito longe para tal. Isso porque um pedaço do Parque Estadual da Cantareira (PEC), um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica do estado de São Paulo, tem um núcleo aqui na cidade: o Cabuçu, com atrativos como a barragem da represa e seu mirante, viveiros de mudas, área para piqueniques, centro de visitantes e auditório, trilhas, que incluem belas cachoeiras, além de fauna e flora exuberantes.
Já, pertinho daqui, estão os núcleos Pedra Grande e Engordador, ambos na capital paulista, e Águas Claras, na divisa de Mairiporã. “Com uma área de aproximadamente 7.900 hectares, o parque conta com diversas espécies de animais, como onça parda, veado, quati, paca, tatu e répteis, quatro espécies de primatas, mais de 230 tipos de pássaros, 12 trilhas de diversos níveis de dificuldade, cachoeiras, represas e prédios históricos. A unidade de conservação possui vegetação característica, onde destacam-se figueiras, cedros e jequitibás”, explica Vladimir Arrais de Almeida, gestor do local pela Fundação Florestal.
Segundo ele, toda a área é preservada por meio de ações de proteção e monitoramento diário, realizadas pelas equipes de fiscalização do parque, com apoio da Policia Militar Ambiental e da Guarda Civil Ambiental, isso sem contar o trabalho de conscientização e educação ambiental promovido pelo centro de visitantes e salas de apoio, por meio de exposições e diversas atividades abertas ao público.
Para visitar
O Parque Estadual da Cantareira é aberto ao público aos sábados, domingos e feriados, das 8h às 17h. De segunda, das 8h às 17h, a unidade de conservação atende grupos previamente agendados e, de terça a sexta, escolas. O ingresso custa R$ 13. Menores de 12 anos, maiores de 60, pessoas com deficiência e moradores do entorno, devidamente cadastrados na unidade de conservação, são isentos. Estudantes pagam meia-entrada.
As trilhas do parque são autoguiadas, ou seja, não existe guia ou condutor, o que permite o contato do visitante com o meio ambiente, sem nenhuma interferência. Entretanto, além da presença de um monitor ambiental no início do trajeto, todo o caminho é marcado por placas. Ah, também vale ficar atento ao nível de dificuldade, tempo e horário de fechamento de cada trilha.
Conheça os núcleos
Pedra Grande
Foi o primeiro núcleo aberto ao público, em 1989. Oferece ao visitante a oportunidade de um contato direto com a Mata Atlântica, mesmo estando a apenas 10 km, em linha reta, da praça da Sé.
Rua do Horto, 1.799, Horto Florestal. São Paulo/SP
Engordador
O nome é atribuído ao local que concentrava inúmeros córregos e riachos da região. Esses pequenos cursos d’água engordavam o rio Engordador, que, por isso, ficou assim conhecido.
Avenida Cel. Sezefredo Fagundes, altura do nº 19.100, Jardim Cachoeira. São Paulo/SP
Tel.: 2995-3254
Águas Claras
Aberto ao público em 2000, por meio de uma parceria entre o Instituto Florestal e a Congregação das Associações da Serra da Cantareira (CASC). Seu nome é derivado de uma microbacia em que a área está inserida, dando origem ao Ribeirão Águas Claras.
Avenida Senador José Ermírio de Moraes, s/nº. Mairiporã/SP
Tel.: 4485-3975
Cabuçu
Existem duas explicações para o nome. Uma delas teria origem na língua tupi-guarani, na qual “Caba” significa Vespa e “Açu” Grande, portanto Vespa Grande, uma espécie encontrada na região. A outra pode ter origem na espécie de árvore Cabuçu (Miconia cabussu) que ocorre em larga escala nessa área. O local foi aberto à visitação pública em 2008.
Avenida Pedro de Souza Lopes, 7.903 – Jardim São Luis, Guarulhos/SP
Tel.: 2401-6217
Passeio para toda a família
Em 2011, durante as férias e depois de dias dentro de casa, Lívia Bufon Medeiros, estudante de 12 anos, aceitou a sugestão do pai, Zinho, para fazer um programa diferente e seguiu rumo ao Núcleo Engordador. “Fizemos quase todas as trilhas. O trajeto era muito bonito, porém um pouco cansativo e com muitos insetos e bchos, como aranhas, pelo caminho. Para quem gosta de natureza, ar livre e prática de exercícios, é um ótimo local”. No ano passado, pai e filha decidiram repetir a dose, dessa vez no Núcleo Cabuçu.
Zinho também foi quem apresentou o parque para a namorada, Sheila de Souza Silva, 35 anos, agente de organização escolar, em janeiro deste ano. “Não conhecia e nem sabia que havia um parque como aquele em Guarulhos. Fizemos a Trilha da Cachoeira, a maior do núcleo, com 5.220m. Ela é bem difícil, com muitas subidas e descidas, mas tem uma bela cachoeira; então vale a pena. Além disso, no caminho vimos a represa, borboletas lindíssimas e pássaros. […] Hoje, se fala muito na necessidade de respeitar a natureza e ter um lugar assim incentiva isso. Você olha a água correndo pelas pedras, respira e sente um ar diferente, mais limpo, vê árvores que já estavam ali antes mesmo de você nascer e que, mesmo com as agressões que sofrem, continuam a lutar pela vida. Como não parar e pensar em cuidar de tudo aquilo? Você sai respeitando e amando mais o meio ambiente e lugares como aquele”, finaliza Sheila.