Fruto da parceria entre o Aché Laboratórios, genuinamente brasileiro, e a empresa suíça Ferring Pharmaceuticals, e contando com investimento de R$ 7 milhões, foi inaugurado na manhã desta quarta-feira, o Nile – Nanotechnology Innovation Laboratory Enterprise, destinado a pesquisa e desenvolvimento de novas plataformas tecnológicas, baseadas em nanotecnologia, para aplicação em novos medicamentos, cosméticos e na área de alimentação.
Alan Harris, vice-presidente sênior de pesquisa e desenvolvimento global, disse que a Ferring é uma empresa que tem um só acionista e que a escolha do Brasil é justificado pelo potencial do país, um dos cinco do Brics, e pelo fato de poder contar com uma empresa parceira como o Aché. “Levamos em conta a biodiversidade da região amazônica e pela oportunidade fantástica de ampliar o leque de nossas pesquisas, pois até agora éramos focados em gastroenterologia e reprodução humana”, afirmou.
Harris informou que o Ferring tem obtido ótimas soluções para evitar a pré-eclâmpsia na gravidez, bem como a hemorragia pós-parto, e que a parceria com pesquisadores brasileiros pode chegar a novos medicamentos para a infertilidade.
Indagado se a produção de insulina em alguma forma não injetável estaria nos planos, Robert Frederic Woolley, líder em inovação da Ferring no Brasil, disse que inicialmente não seria foco, embora as pesquisas voltadas a outros objetivos podem levar a soluções que incluam a insulina. Porém, Edson Bernes, diretor de Inovação Incremental do Aché, disse que para a empresa brasileira sim, pois é uma grande demanda da comunidade médica no País propiciar uma vida mais tranquila aos portadores de diabetes, o que acontecerá quando for possível substituir injetáveis por comprimidos. Explicou que não será uma tarefa fácil, porque a insulina e muitos peptídeos são moléculas grandes. Mas que será constante utilizar a nanotecnologia para permitir a produção de medicamentos que reduzam os efeitos adversos.
Para Stephani Saverio, diretor do Núcleo de Inovação e Novos Negócios do Aché, os frutos que esse laboratório pode vir a gerar têm um valor imensurável. Disse que só o mercado de drogas destinadas a diabéticos gera algo em torno de um bilhão de reais.
O laboratório
Após a entrevista coletiva, os jornalistas puderam conhecer o laboratório antes do evento oficial de inauguração. Com 140 metros quadrados, é equipado com bancadas para desenvolver tecnologia a ser transferida posteriormente para escala industrial.
Saverio ressaltou que quase todos esses equipamentos são inéditos na América Latina. Explicou que os primeiros resultados dos estudos a serem desenvolvidos ali devem demorar uns dois anos, estima que a fase de testes leve mais dois anos e que a aprovação pela Anvisa ocupe um ano, totalizando cinco anos para iniciar a produção efetiva. Quanto à insulina, prevê que demore mais do que isso.
Brasileiros em maioria
Edson Bernes disse que inicialmente foram 13 cientistas dedicados ao projeto, oito dos quais brasileiros. Agora serão vinte, sempre com a maioria de brasileiros.
O responsável pelo Nile, por exemplo, é Samuel Mussi, farmacêutico e doutor em ciências farmacêuticas pela Universidade Federal de Minas Gerais. Especialista em nanotecnologia, com foco em pesquisa e desenvolvimento de plataformas tecnológicas, fez pós-doutorado no Center for Pharmaceutical Biotechnology and Nanomedicine na Northeastern University, em Boston (EUA). Com 15 anos de experiência, passou a integrar o time de desenvolvimento do Aché em 2015 e agora liderará a pesquisa no Nile.
O evento oficial
Apresentado pela jornalista Ana Paula Padrão, o evento contou com a presença de dirigentes das duas empresas, do Conselho de Administração do Aché, do prefeito Guti e de representantes do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia.
O presidente do Conselho de Administração, Adalberto Baptista, apresentou a nova presidente do Aché, Vânia Nogueira de Alcântara Machado, após agradecer a dedicação do ex-presidente Paulo Lima. Vânia é formada em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas, foi diretora de Marketing da Parmalat e respondia até recentemente como diretora executiva comercial do Aché.
Ela disse de sua honra em presidir a Cia. em um momento tão importante para o desenvolvimento científico e que esse investimento tem o claro objetivo de melhorar a vida de milhares de pessoas no Brasil e no mundo. O vice-presidente da Ferring presenteou-a com um sino e a convidou a balançá-lo com ele, como símbolo da união entre as duas empresas nessa tarefa e como despertar de um novo ciclo de pesquisas.
O prefeito Guti manifestou seu orgulho por Guarulhos sediar o novo laboratório de nanotecnologia e enalteceu a característica do Aché de ser uma empresa parceira e participante da cidade.