A Câmara de Guarulhos instaurou nesta quinta-feira, 20, uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar as irregularidades apontadas pelo superintendente do Saae, Ibrahim Faouzi El Kadi, em áudio vazado na semana passada. O pedido para abertura das investigações partiu do vereador Professor Jesus (DEM), que começou a colher as assinaturas ontem, 19, obtendo 13 das 11 necessárias.
No entanto, outro pedido de CEI já circulava pela casa desde quinta-feira passada, 13, quando o áudio veio a publico. Quem propunha a abertura das investigações era Laércio Sandes, também do DEM, que conseguiu reunir apenas nove assinaturas. Um outro pedido de CEI também foi apresentado pela vereadora Janete Pietá (PT), que também não obteve o número de apoio mínimo exigido.
Uma Comissão Especial de Estudo (CEE) foi proposta, também no dia 13/09, pelo líder do governo na Casa, Eduardo Carneiro (PSB), a qual o edil solicitou que fosse excluída da pauta. Carneiro utilizou a tribuna para declarar apoio à CEI de Jesus.
Analisando ambas as CEIs, apenas uma diferença: os grandes devedores do Saae, alguns identificados na sonora são conhecidos nacionalmente, não aparecem nas propostas de investigação da CEI. O vereador Laércio Sandes apontou essa diferença na tribuna, mas não teve nenhum retorno por parte dos seus pares. Uma de suas observações foi de que os trabalhos já começaram limitados, uma vez que as investigações baseiam-se no que foi pedido na abertura da CEI.
Conforme determina o Regimento Interno do Legislativo, a CEI pode ser composta por, no máximo, 11 vereadores e terá duração de 90 dias, prorrogáveis por mais 30. As indicações dos nomes dos membros pelos partidos, assim como o do relator da Comissão, deverão ser anunciadas na próxima semana.
O áudio
Nos trechos do áudio que circulou pelas redes sociais, Ibrahim Faouzi El Kadi teria afirmado que a quantia, de 4,8 bilhões de reais, desaparecida seria suficiente para quitar a dívida de mais de 3 bilhões de reais junto à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e ainda para executar obras e tratar o esgoto de toda a cidade, o que eliminaria a necessidade de rodízio de água no município. Citou ainda grandes devedores que nunca foram cobrados. Juntos eles somam débitos de R$ 1,2 bilhão, sendo que somente os 100 primeiros totalizam R$ 250 milhões em dívidas.