Por Jônatas Ferreira
Os motoristas que trafegam em Guarulhos enfrentam um grande desafio diariamente: os buracos. Companheiros de todas as horas, eles não medem esforços para estar presentes na vida dos guarulhenses. Alguns chegam até a serem enfeitados, tamanha a consideração que ganham dos moradores da vizinhança; afinal, o tempo que ficam lá é suficiente para se criar uma empatia; chegam até a ganhar do povo apelidos “carinhosos”. Eles crescem e parecem se reproduzir aos montes, como se refizessem o milagre da multiplicação.
Os buracos não olham a aparência, tampouco escolhem regiões preferidas. Do centro à periferia, aparecem em todos os lugares. Nem precisa esperar uma longa distância para se deparar com algum. Se quiser achar, vai topar com um logo e, mesmo que não queira, não tem jeito: também encontrará. Algumas ruas têm buracos em série, outras têm uma dupla inseparável, que coloca o motorista na dúvida cruel: escolher se cai no da direita ou no da esquerda.
A administração pública, por sua vez, vive uma batalha desigual, na busca constante para tapar os buracos. Saae e Proguaru não se entendem. A cada buraco que surge, é preciso fazer o exame de DNA para ver quem é pai da criança. O problema é que consertar é muito mais difícil do que quebrar; é um conceito antigo e muito bem aplicável para esse caso. Quando, após o que parece ser uma interminável espera, os buracos são “costurados”, não passa muitos dias – às vezes, nem horas – para que eles, felizes com o ambiente, ressurjam.
Como explicar esse fenômeno? O asfalto velho, o mau serviço ou a qualidade do material? Um misto dos três, talvez. Quem passa pela avenida Venturosa, no Jardim Cumbica, por exemplo, surpreende-se com o serviço de recapeamento que fora feito há cerca de um ano: apesar da beleza aparente de alguns reparos, os buracos ressurgiram pouco tempo depois, sem esquecer da péssima execução em alguns pontos, nos quais o desnível é perceptível a olho nu. É incrível, quase um fenômeno da engenharia tupiniquim!
As informações sobre buracos consertados são encaminhadas diariamente à Imprensa pela Proguaru. A população faz o mesmo, mas às avessas, nas redes sociais. A empresa municipal diz que a situação era muito pior antes e que todos os esforços estão sendo feitos para controlar os buracos e deixar a cidade tinindo. Quando se pergunta aos munícipes sobre a popularidade do prefeito, vê-se que os buracos pesam muito negativamente em sua imagem.
Fica a dica: não adianta culpar a administração passada; o povo não quer saber do antes, pois vive o presente, e, pelo que se vê e pelos comentários quem se ouvem, parece que não mudou nada. Basta dar um pulinho nas regiões periféricas. Exemplo: A estrada do Sacramento, no Pimentas, foi rasgada no início do ano, a fim de ser recapeada. Faz mais de 15 dias que não se vê um único caminhão da administração pública pelos arredores. Porém, mesmo na área central as ruas estão parecendo queijo suíço.
Se continuar desse jeito, a popularidade de Guti irá cada vez mais para o buraco.