Adner Prado Saraiva Pereira tem 24 anos e mora em Guarulhos. Bacharel em direito, atua como editor de dados pedagógicos na faculdade Mozarteum de São Paulo. Em relato enviado ao Click Guarulhos, revela detalhes de sua vida, situações que ficaram marcadas e que influenciaram decididamente em sua obra, “Herdeiros do rei: a ascensão de uma guerra”.
Ele se define como amante da cultura pop nerd e da sétima arte. “Sou fascinado por mitologias, lendas, história e teologia. Quando eu era mais novo, sofria muito na escola; as pessoas me diminuíam, batiam e xingavam. Sempre fui o garoto dentuço que a turma fazia questão de excluir e além de todo bullying, eu também não tinha muitas habilidades ou talento natural para muita coisa; não me dava bem com esportes, música, dança ou matérias exatas e biológicas”, vai contando, para que entendam suas razões.
“Para ser sincero, minha escrita também não era das melhores. Só Deus sabe a raiva que meu pai, que é professor de português, e minha professora passavam quando liam minhas redações e lições; eram coisas complicadas demais para eu entender e praticar na época. Cheguei a acreditar que não tinha talento algum para nada. Isso chegou a me assombrar e entristecer por um bom tempo, pelo fato de me sentir solitário, perseguido e não ter nenhum amigo na escola com quem pudesse contar”, recorda.
Por não conseguir se sentir especial ou que fosse bom em algo, diz que questionou por diversas vezes o sentido de sua própria existência, até que um dia leu a seguinte frase de Albert Einstein: “Imaginar é mais importante que saber, pois o conhecimento é limitado, enquanto a imaginação abraça o universo”. Essa frase o marcou muito e logo em seguida começou a enxergar que tinha talento, para ser criativo e para inovar.
“Isso foi servindo de combustível para eu escrever histórias, contos, poemas, músicas, roteiros, etc… Foi aí que minha jornada como escritor começou. Em meados de 2009, havia decidido que queria escrever um livro. Inicialmente, queria escrever sobre os primeiros amigos que fiz em uma igreja onde congregava na época, e sobre nossa relação. Seria intitulado “B.Clubs”, mas ao amadurecer a ideia, resolvi engavetá-la.
Um ano após, Adner começou a se interessar muito por histórias de mundos fantásticos e mágicos. “A fantasia fazia parte do meu cotidiano tanto em livros, como em quadrinhos, mangás, filmes, séries… Era impossível eu não querer criar algo semelhante, mas para isso tinha que estudar bem o terreno onde queria pisar”, conta.
Foram meses e anos estudando sobre o folclore brasileiro e outros mitos e lendas antigas, criaturas mitológicas, história antiga, fora os tipos de narrativa que queria apresentar no livro. “Foi um desafio muito gostoso que fiz a mim mesmo. Quando tinha quase tudo preparado, faltavam os personagens, suas características e personalidades. Aí me lembrei do meu projeto antigo, sobre como queria criar uma história sobre mim e meus amigos. Decidi fundir as ideias; afinal, uma boa aventura precisa de um bom grupo de aventureiros. Não é mesmo?”, indaga.
Assim nasceu o “Herdeiros do rei: a ascensão de uma guerra”, que ele demorou mais de cinco anos para escrever, porque havia perdido o pen-drive que continha o arquivo do livro que começara a preparar em 2016. Fala de sua frustração e desespero que sentiu quando isso ocorreu. “Queria jogar tudo para o alto e desistir de vez; foi uma mistura sombria de emoções, fiquei um bom tempo sem escrever mais nada, tive uma forte depressão, pois eram poucos na época que me apoiavam e acreditavam que eu iria conseguir escrever um livro. A pressão de estar ingressando na vida adulta, além de toda aquela questão de ser ‘alguém’ no futuro, pois estava na faculdade fazendo um curso que passei a odiar”, confessa.
Cita que o falecimento de sua avó paterna também o abalou muito, outros fatores que o fizeram quase perder a esperança e cogitou até dar cabo da vida, atirando-se de um viaduto. “Foi uma fase muito difícil em que eu achei que não teria saída. Porém, eu estava enganado. Certo dia, decidi que ia tirar o sábado para assistir a uma trilogia. Fazia tempo que não assistia a do ‘Senhor dos anéis’. Esse foi o escolhido e foi bom isso ter ocorrido, porque acredito que alguns sinais surgem em nossas vidas para nos dar um norte, nos motivando e orientando”, revela.
Assistir à trilogia “Senhor dos anéis” fez toda diferença, porque renovou suas esperanças. “Notei que a história que perdi não era tão boa quanto a nova que terminei de redigir em 2018. Ficou melhor, mais dinâmica e bem humorada. Consegui puxar referências históricas, referências pessoais e da cultura pop. O livro ficou muito maior e divertido. Eu decidi adicionar ilustrações no livro, em um padrão semelhante ao das ‘Crônicas de Nárnia’. Fui atrás de uma das ilustradoras mais talentosas de Guarulhos, Victória Bezerra de Oliveira. Ela tem 18 anos e foi vencedora do concurso da Toyota em 2016. Foi a primeira a ler e gostar, conseguiu capturar a essência da história direitinho, desenvolvendo as ilustrações e a arte da capa do livro. A cada arte ela se supera e já desenvolveu a capa do segundo livro da série”.
“Herdeiros do rei: a ascensão de uma guerra” foi lançado em 28 de abril de 2019, pela editora Chiado Books, também em Portugal. A história aborda a jornada de quatro jovens guerreiros e sua nação, que irão enfrentar desafios diplomáticos com um tirano. Tem muita ação, aventura, humor, drama e suspense. Carrega uma trama inteligente, provocadora, imprevisível e surpreendente, com questões sociais apresentadas por metáforas, ensinando valores morais sobre os quais vale a pena refletir. Obteve boas críticas e resenhas em instagrans e blogs literários e está avaliado como um livro 5 estrelas na rede social para leitores “Skoob”.
“Se antigamente eu tinha dúvidas do potencial da minha história, hoje não tenho mais. Tenho projetos novos em andamento. O segundo livro já está em desenvolvimento, intitulado ‘Herdeiros do rei – sombras e sangue’, e dará sequência ao primeiro”, antecipa.
“Herdeiros do rei e ascensão de uma guerra” está disponível nas livrarias Cultura, Travessa, Martins Fontes, Chiado Books, entre outras, e também nas lojas Americanas, Amazon e Magalu.
Na imagem, a capa criada por Victória Bezerra de Oliveira para o segundo livro de Adner Prado.