
No momento em que comemora sua posse como membro efetivo da Academia Guarulhense de Letras, a escritora e professora de Artes Visuais, Jandilisa Grassano, a artista plástica, relembra sua trajetória e enumera fatos que considera a essência de sua Arte: que carreguem junto a função social.
Nascida em São Paulo, mantém um certo jeito mineiro de ser, herdado da mãe, Anita, a quem muito venera. Viveu parte preponderante de sua vida no Norte do Paraná e relembra os dotes artísticos do pai, José, conhecido como Juca, e que muito a influenciaram. Em Arapongas, estudou, iniciou seus estudos na Música, especialmente no piano, fez parte do Coral Alvorada, tendo um CD, e do coral da igreja, formou-se, foi secretária e diretora substituta em escola municipal e professora de Português em “ginásio” estadual. Em São Paulo, obteve o Bacharelado em Gravura, Pintura e Escultura na Faculdade de Belas Artes, teve ateliê e formou uma plêiade de alunos.
Vindo a morar em Guarulhos no final dos anos 1980, adotou a cidade como sua e desde então busca pôr em prática, no cotidiano, essa essência social da Arte. Promoveu exposições em plena rua, doou quadros para serem leiloados em benefício de entidades, deu aulas de pintura a jovens de comunidades, encabeçou movimentos para angariar roupas para necessitados, e protestou – fazendo arte – contra a poluição visual provocada por candidatos em tempos de eleições.
Na década de 1990, foi ponte para o estreitamento de relações da cidade com a Itália, por meio do Consulado italiano em São Paulo. Arquitetou a vinda do então cônsul, Stefano Canavezzio, a Guarulhos, quando foi recebido em sessão solene na Câmara Municipal e depois visitou a fábrica da Bauducco na região de Cumbica. “O presidente do Legislativo na época, Fausto Martello, foi muito receptivo e me senti útil a Guarulhos promovendo aquela aproximação”, comentou.
Jandilisa cita, orgulhosa, ter sido acolhida como membro correspondente pela Accademia Internazionale Grecci – Marino, na Itália, em 1996. Ela expôs suas obras e promoveu exposições levando artistas brasileiros à Itália, Grécia, Mônaco e Uruguai.
Durante a curta gestão de Jovino Cândido na Prefeitura, Jandilisa foi nomeada secretária-adjunta da Cultura, ocasião em que procurou dar lugar aos artistas, poetas e escritores da cidade. Foram promovidos saraus nos mais diversos lugares, inclusive em praça pública. “Guardo até hoje, com muito carinho, as amizades que aquele tempo me proporcionou e o que foi possível realizar, mesmo enfrentando todo tipo de obstáculos”, relembrou.
Com obras espalhadas por inúmeras cidades, vários estados e alguns países, em 2013, Jandilisa resolveu registrar em um livro o resumo de sua carreira até então. Assim nasceu “Jandilisa Grassano, uma Arte só”, no qual mostrou fotografias de obras e de exposições, além de poemas e homenagens.
Em 2019, mais um livro. Em “Um quê de Arte”, publicou reproduções de detalhes de seus quadros, incluiu ambientações das quais eles fazem parte, poemas, contos, relatos de pessoas com as quais conviveu e registrou gratidão a tantos que com ela trabalharam.
Ao ingressar na Academia Guarulhense de Letras, diz esperar que possa, junto a todos os demais membros, contribuir para incentivar crianças e jovens ao hábito da leitura, por entender que a Educação é transformadora. “Quem lê sabe mais, questiona mais, evolui e assume seu papel por uma cidade melhor, um país melhor. A responsabilidade é de todos nós”, conclui.