A suposta desistência do governador João Dória de concorrer à Presidência da República durou pouco tempo. A turma do “deixa disso” atuou rapidamente, demonstrando a ele o que essa decisão poderia causar em todo o grupo que os cerca, fundamentalmente nas chapas de candidatos ao Legislativo.
Os presidentes estadual, Marco Vinholi, e nacional do PSDB, Bruno Araújo, mobilizaram-se e conseguiram segurá-lo no partido, bem como, no almoço, Dória e o vice, Rodrigo Garcia, selaram a paz, mantendo o acordo que previu que Garcia assumiria o governo estadual e concorreria à cadeira do Palácio dos Bandeirantes, também pelo PSDB. Entusiasmado, Vinholi pediu palmas para “o futuro presidente da República”.
Ao discursar em evento que está sendo realizado, Rodrigo Garcia derramou-se em elogios a Dória, a quem chamou continuamente de João, para demonstrar mais intimidade. Enumerou feitos da gestão do governo paulista, notadamente a primazia na produção e aplicação da vacina contra a covid.
Caso Dória insistisse em ficar no governo, havia a ameaça de Rodrigo Garcia não ser candidato ao governo e até a cogitação de que pudesse vir a ser vice na chapa de Tarcísio de Freitas, candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Dória discursa e reafirma que é candidato ao Planalto pelo PSDB
Ao agradecer pelo apoio que recebeu dos correligionários, nominando-os, João Dória emocionou-se ao falar do legado moral que recebeu do pai e da mãe. Emendou dizendo que gosta de desafios, voltou a citar o pai, que foi obrigado a exilar-se quando era deputado. Enalteceu a figura de Rodrigo Garcia, como companheiro fiel e operante. Criticou a gestão de Jair Bolsonaro e os que defendem a volta da ditadura. Repetindo o que a esposa, Bia Doria, disse em entrevista na manhã desta quinta-feira, afirmou que sua família sofreu ameaças, inclusive à vida de seus filhos. Citou que poderia ter-se acomodado em cuidar dos negócios pessoais ao invés de entrar para a política, mas que se o fizesse trairia o que aprendeu com o pai.
“A vida nos ensina que nada se conquista solitariamente. A vida precisa ser vivida coletivamente e é assim que costumamos agir”, disse.
Enumerou obras realizadas e que há 800 em andamento em todo o Estado. Ressaltou a importância da pesquisa científica e garantiu que o Estado de SP investiu mais em pesquisa do que o restante do Brasil somado. Citou especificamente que 80% da despoluição do rio Pinheiros foram alcançados.
Concluiu dizendo que o Brasil precisa de união. Agradeceu à população do Estado pela oportunidade de ter sido governador, aos prefeitos de todo o Estado, dos quais mais de 500 estavam presentes, à sua família e a todos que contribuíram com seus 3 anos e 3 meses de governo. Ao terminar, disse: “A omissão é a fantasia dos covardes. A coragem é a marca dos líderes”. Anunciou que Rodrigo Garcia será o governador de S. Paulo a partir de 2 de abril e arriscou dizer que Rodrigo Garcia será reeleito para governar o Estado. Reafirmou que será candidato à Presidência da República pelo PSDB.
Moro fora do páreo
O ex-juiz Sérgio Moro anunciou nesta quinta-feira sua transferência do Podemos para o União Brasil (junção do DEM com o PSL) e que não mais concorrerá à Presidência da República.
O mais provável, segundo bastidores da política, é que Moro seja candidato a deputado federal, visando ser puxador de votos para o União Brasil. A expectativa é que o partido esteja de braços dados com o PSDB em São Paulo e se cogita que também em nível federal, junto também com o MDB, que tem a senadora Simone Tebet como pré-candidata à Presidência e que já afirmou que não será candidata a vice em nenhuma chapa.