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Comunidade do Morro do Amor expõe razões para continuar no local

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Chamada por moradores, a Reportagem do Click Guarulhos esteve no local conhecido como “Morro do Amor”, situado na avenida Salgado Filho, trecho de pista única, a caminho da Vila Rio de Janeiro.

Em 21 de julho, famílias que ocupam o local há décadas promoveram um protesto para manifestar o desejo de ali permanecer, diante de uma ordem judicial de reintegração de posse que estava prevista para acontecer em agosto. A decisão da 2a. Vara da Fazenda Pública de Guarulhos atende a pedido do Ministério Público do Estado de São Paulo, que alega risco de desabamento de residências. A Prefeitura afirma que apenas estaria cumprindo a ordem judicial e que não foi sua a iniciativa de pedir a desocupação. Esclareceu que apenas pequena parte de todo o imóvel ocupado pertence à Municipalidade.

Segundo afirmam alguns moradores, a ocupação do local aconteceu há mais de 40 anos. A área é de 11 mil metros quadrados, sendo contados 280 domicílios. No início da ação, em 2014, foi mencionado que ali havia cem famílias. As imagens do Google de 2004 e 2023 mostra a evolução no número de habitações.

Andando pelos estreitos caminhos internos, verifica-se que as construções são sólidas. Não foram vistos barracos de madeira. Em geral, as casas foram construídas em alvenaria e com alicerces e colunas. Os imóveis que fazem frente para a rua Querência do Norte têm melhores condições.

 

Conta-se que havia dois imóveis que teriam sido apontados como de maior risco. Laudo elaborado por técnicos da USP (LabJuta) e da Universidade Federal do ABC (LabHab), a partir de visita efetuada em 30 de julho, no entanto, minimiza até mesmo essas duas possibilidades; um dos locais, atendendo a recomendações desses técnicos, recebeu contenção do terreno; em outro, havia bananeiras, que foram removidas. Reproduzimos dois trechos do parecer:

Recomendações dos técnicos

Portanto, do ponto de vista do risco de deslizamentos, o parecer aponta não haver necessidade de remoção das famílias. Avaliando as várias possibilidades, sugere como melhor alternativa a urbanização da área, para o que seria necessário que apenas 15% dos atuais ocupantes tivessem de ser transferidos para outros locais. Parte das famílias teria de ficar em locação social por algum tempo durante as obras, mas retornariam quando as novas moradias estivessem edificadas.

Problemas sociais

Um dos principais motivos que a população local argumenta para ali permanecer é que muitas famílias dependem financeiramente de estar nessa comunidade. Uma delas, por exemplo, mantém uma pequena adega e subsiste dessa atividade para manter-se. Outra instalou uma escolinha, que acolhe crianças cujas mães precisam trabalhar. Há também as que dependem de prestar serviços nas imediações; afirmam que, se forem transferidos para algum conjunto residencial na periferia, teriam de recomeçar a vida onde não têm conhecimento. Uma questão adicional refere-se às crianças que estão matriculadas em escolas próximas, pois fatalmente não poderiam continuar nas mesmas, com as quais estão acostumadas, têm apego e relações de amizade.

De frente para a avenida Salgado Filho, há estabelecimentos comerciais, como uma borracharia, um depósito de ferro velho e materiais recicláveis, uma loja de materiais de construção usados e outros, que acabam servindo de meios de subsistência para moradores da comunidade.

“Ninguém gosta de morar em moradia improvisada. Se estamos aqui, é porque não temos condições de estar em um lugar melhor. Esperamos que o juiz que mandou sairmos daqui tenha sensibilidade e que a Prefeitura regularize a área, investindo na melhoria das casas, para que nossas crianças possam continuar nas escolas onde estão matriculadas e a gente possa manter as”, desabafa uma moradora.

Mobilização continua

 

Enquanto não há um desfecho para o caso, as famílias vivem em clima de apreensão. Notam-se em um trecho do terreno colunas de uma construção que foi paralisada. Uma das moradias seria ampliada, mas, diante das incertezas, a família preferiu não fazer a obra.

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