O delegado Gustavo Mesquita, vereador mais votado da história de Guarulhos, com mais de 18 mil votos, revelou já no dia da posse seu estranhamento com a realidade da política.
Por ter sido o mais votado, coube a ele presidir a cerimônia de posse do prefeito, do vice e dos vereadores, bem como do procedimento de eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal, que teve como chapa única a encabeçada pelo vereador Fausto Miguel Martello.
Na sequência, a sessão passou a ser presidida por Martello e foi suspensa para a constituição das comissões internas que avaliam os projetos antes de serem colocados em votação.
Mesquita foi escolhido para fazer parte da Comissão de Segurança Pública, o que já seria de esperar. Porém, desejava também fazer parte da Comissão de Ética do Legislativo, à qual cabe analisar situações que podem envolver atitudes dos próprios vereadores. Foi aí que ele soube que havia um veto à possibilidade de ele fazer parte dessa comissão, mesmo tendo ele o aval do líder de seu partido, o Republicanos, vereador Gilvan Passos.
Ocorre que o primeiro suplente do partido Mobiliza, Geraldo Celestino, assumiu como vereador na vaga deixada pelo Pastor Anistaldo, nomeado por Lucas Sanches para ser secretário da Habitação. E em seguida, Celestino foi escolhido para ser o líder do governo na Câmara e, nessa condição, vetou a presença de Gustavo Mesquita na Comissão de Ética.
Mesquita pediu a palavra e, na tribuna da sessão, na FIG Unimesp, disse textualmente: “Estou assistindo a isso tudo aqui desde o início. Sei que para muitos isso pode parecer normal. Mas me espanta absolutamente ver que, logo após falarmos aqui da importância da autonomia, da independência do Poder Legislativo, eu assisto momento após momento, que até mesmo para uma decisão partidária, é necessário pedir a bênção e o amém para o governo. Há algum espaço de manobra, para que possamos fazer alguma coisa sem ter de pedir a bênção para o governo? O governo interfere na formação das comissões, que são o embrião do Poder Legislativo. O governo interfere dentro da bancada partidária. Resta alguma liberdade para este Poder Legislativo? Não sou melhor, nem pior que ninguém. Isso jamais seria nossa intenção dentro de uma Comissão de Ética. Esse receio de eu fazer parte da Comissão de Ética indica que é lá que de fato devo estar”.
Instagram: https://www.instagram.com/reel/DETNbvAvlLD/?igsh=cDh3MWlvMjRoOG16
Em postagem no Instagram, Gustavo Mesquita relata ter sido impedido pelo Governo Lucas Sanches de participar da Comissão de Ética da Câmara, que é responsável por julgar vereadores em caso de transgressões e processar eventual impeachment do prefeito. E pergunta “Qual o motivo de tamanha resistência do governo Lucas Sanches em minha participação na Comissão de Ética da Câmara dos Vereadores de Guarulhos?”.
Vale destacar que o delegado apoiou no primeiro turno o candidato de seu partido, deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor e, no segundo turno, declarou apoio a Lucas Sanches, mesmo discordando de amigos que entendiam que ele deveria permanecer neutro.
Nas redes sociais, Mesquita afirma que não fará parte da base de apoio, nem será oposição. Declara-se independente e garante que não está pleiteando cargos no governo, nem qualquer outro tipo de benefício ou vantagem.
Respondendo a internauta que comentou na rede social que o vereador demonstra ser inexperiente, porque política é jogo, disse que se para ser considerado experiente tem de fazer conchavos, acordos, prefere permanecer inexperiente. Concluiu dizendo que a verdadeira força não é a política, mas o povo. E que é preciso que o povo apóie as boas causas.
Projeto contra pancadões
No dia 3 de janeiro, o vereador apresentou seu primeiro projeto de lei, propondo a nova Lei do Silêncio. Justifica dizendo que é visando a tranquilidade da população, contra pancadões, fluxos, giros de motos, rolezinhos, adegas e vizinhos barulhentos, e todo tipo de perturbação. Informou que o prefeito Lucas Sanches comprometeu-se no segundo turno em apoiar esse projeto.
Nota da Redação: o espaço fica garantido a quem desejar apresentar defesa às acusações por ele formuladas
*Foto de arquivo: Alexandre de Paulo
