
Junho começou com saldo negativo nas vendas no varejo da capital paulista. É o que aponta o Balanço de Vendas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) referente à primeira quinzena do mês. A queda média foi de 3,9% sobre o mesmo período de 2014. Já em relação à primeira quinzena de maio, a média das vendas ficou estável – nem no azul e nem no vermelho.
“Os dados não podem ser projetados para o resto do mês. Se o clima frio na capital persistir até o fim de junho, os consumidores podem se animar para as compras de produtos da moda outono-inverno e, assim, as vendas poderão apresentar melhores resultados no fechamento do mês”, comenta Alencar Burti, presidente da ACSP e da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo).
A prazo e à vista
Separadamente, as vendas a prazo apresentaram forte queda (-6,9%) sobre a primeira quinzena de junho de 2014. Ela decorre de fatores macroeconômicos, como alta dos juros e queda do emprego – gerando insegurança no consumidor. Mas também reflete uma base forte de comparação, já que nesta mesma época, no ano passado, a véspera da Copa do Mundo incentivou as vendas a crédito de produtos da linha marrom. Por fim, a linha branca contava com incentivo no que se refere ao IPI – o que não ocorre em 2015.
Em relação à primeira quinzena de maio, as vendas a prazo caíram 1,3%.
A pesquisa sinaliza que o Dia dos Namorados de 2015 foi mais fraco para o comércio comparando-se com o ano passado, já que, na primeira quinzena de junho, as vendas à vista registraram uma desaceleração de 0,9% ante 2014. O resultado sugere que os namorados estavam com menos dinheiro no bolso em razão de fatores como a alta da inflação e de tarifas e a queda da massa salarial.
Na comparação com a primeira quinzena de maio, as vendas à vista aumentaram 1,4% – neste caso, o resultado se deve aos dois dias úteis a mais em junho.
Inadimplência
Nos primeiros quinze dias de junho de 2015, o IRI (Indicador de Registro de Inadimplentes), que mede o número de carnês em atraso no varejo e compõe o Balanço de Vendas da ACSP, apresentou quedas de 10,1% na comparação mensal e de 7% na comparação anual. Os dados se justificam pela menor demanda de crédito do consumidor e da concessão mais rigorosa do crédito. O IRI não inclui dívidas bancárias nem contas como de luz, água e telefone.
Já o IRC (Indicador de Recuperação de Crédito), que aponta os cancelamentos de dívidas, registrou recuos de 10,2% na comparação mensal e de 10,7% na anual. Esses resultados podem indicar maior dificuldade na recuperação de crédito por parte do consumidor devido ao aumento do desemprego, à queda da renda real e à alta de tarifas, o que impede sobras para renegociação.
O Balanço de Vendas da ACSP é elaborado com base em amostra fornecida pela Boa Vista Serviços.