Dor no joelho é uma queixa bastante comum. Se você pensar bem, já deve ter escutado de pelo menos uma pessoa próxima alguma reclamação nesse sentido. No entanto, apesar dessas dores nem sempre serem uma doença, o incômodo pode ser um sintoma, avisando sobre algum problema futuro. E isso é até compreensível, considerando que durante a vida média da população, cerca de 1 bilhão de ciclos de movimentos são feitos no joelho, e em situações especiais – esporte ou trabalho – esses ciclos são ainda maiores.
Talvez, o maior revés de identificar o que há de errado com o joelho sejam as inúmeras possibilidades. De acordo com o ortopedista e traumatologista Caio Magnoni, para avaliar deve-se identificar a origem, a região e em qual estrutura o incômodo acontece, como ligamento, menisco, músculo, cartilagem, osso e outros. “Podemos iniciar separando as causas traumáticas das não traumáticas. As traumáticas são causadas, geralmente, por lesões esportivas, entorses, acidentes, quedas, colisão veicular, etc. Devem ser tratadas da forma mais rápida e segura possível, tendo acompanhamento de um médico ortopedista, para primeiramente diagnosticar a lesão e, num segundo momento, evitar degeneração e piora do quadro, pois muitas dessas lesões são de caráter cirúrgico. Nesses casos, negligenciar a lesão pode condenar o joelho de forma irreversível”, explica o médico.
Nas lesões não traumáticas, a idade pode ser um fator influenciável, pois existem patologias que aparecem precocemente e outras mais tardiamente, de acordo com a faixa etária. “Dores no joelho em pacientes acima dos 50 anos têm mais relação com lesões degenerativas e as suas estruturas: cartilagem, menisco e osso costumam sofrer com artrite e artrose. Para esses casos, segundo o ortopedista, o tratamento consiste em identificar o problema e tratá-lo, seja com medicação, fisioterapia ou fortalecimento muscular e, em casos mais graves, cirurgia”, avalia.
Já as dores no joelho em pessoas abaixo de 50 anos estão mais relacionadas à sobrecarga de algumas estruturas, por causa de obesidade, desequilíbrio muscular, má ergonomia no trabalho, uso de calçado inadequado no dia a dia ou no exercício, sedentarismo, atividade física mal orientada ou mal executada. “Para tratar essas possíveis patologias, pode-se mudar alguns hábitos simples, como alongar-se diariamente, mudar o calçado – uso de sandália e chinelo no dia a dia não ajuda o joelho a absorver impactos e sobrecarrega a articulação -, e melhorar a ergonomia no trabalho. O uso de medicação e fisioterapia podem ajudar no tratamento, mas fazer uma avaliação ortopédica pode abreviar um longo período de dor”, pontua.
O médico diz que certos aspectos sinalizam como indicativos de determinadas patologias. Por exemplo, dores na região anterior do joelho com estalos podem ser uma lesão da cartilagem da patela; dores nas laterais do joelho podem sugerir lesões nos meniscos; e “falseios” durante a marcha, após um trauma, podem sugerir lesão ligamentar.
Dica do médico
Joelho vs atividade física
Na prática de atividades físicas, o joelho é seguramente a articulação que mais sofre demanda, seja por impacto, movimentos bruscos rotacionais, traumas ou outros.
No esporte, a lesão no joelho deve ser avaliada diferentemente das demais, pois lesões traumáticas, não traumáticas e degenerativas podem estar associadas, simultaneamente, já que todo esportista apresenta, apresentou ou apresentará alguma dor no joelho, passageira ou crônica. Nesses casos, é obrigatória uma avaliação detalhada, para identificar o problema e solucioná-lo, evitando uma lesão permanente.
Joelho vs obesidade
As lesões provocadas pela obesidade são muito comuns. Nos Estados Unidos, estima-se que haja 10 milhões de pessoas com lesões por decorrência do sobrepeso e isso é considerado bem grave, pois essas lesões, geralmente, são incapacitantes e limitantes, prejudicando a qualidade de vida.
Dentre as lesões principais por causa da obesidade estão as meniscais, pois o menisco, cuja principal função é absorver impacto, acaba sendo machucado. “O que acontece é que o menisco rompe e perde sua função de proteger a cartilagem da tíbia; com o passar do tempo, a tíbia sofrerá o mesmo impacto e, assim como o menisco, ela se lesionará e sofrerá lesão degenerativa irreversível, como uma artrose, por exemplo”, diz Caio.