Sabia que do início dos sintomas ao diagnóstico de endometriose a mulher pode levar cerca de 8 anos para obter o indicação definitiva da doença?

O diagnóstico desse mal pode ser um desafio para as mulheres que sofrem com a endometriose, doença crônica e incurável.

O que é endometriose?

Trata-se de uma doença que se caracteriza pela presença de tecido endometrial parecido com o que reveste a cavidade uterina, mas que se encontra fora do útero.

A estimativa, segundo estudos, é que a confirmação do diagnóstico pode levar em média, oito anos para acontecer.

O que pode atrasar o diagnóstico da endometriose?

 

Segundo o médico Edvaldo Cavalcante, cirurgião ginecológico e especialista em endometriose, a mulher costuma percorrer um longo caminho até descobrir a doença, sobretudo quando não há sintomas aparentes.

Nas pacientes que têm sintomas, esse atraso aumenta o sofrimento físico e impacta diretamente na redução da qualidade de vida da mulher, com prejuízos na carreira, estudos e relacionamentos.

1. Automedicação em cólicas menstruais

Há alguns fatores que podem atrasar o diagnóstico. O primeiro deles é que em muitos casos as mulheres não levam suas queixas ao médico por considerarem a cólica menstrual um sintoma normal. Acabam se automedicando com analgésicos e, em muitos casos, evitam atividades sociais durante as crises.

2. Achar que sentir dor na relação é normal

“Por muito tempo as mulheres, e por que não dizer que alguns médicos, também acreditavam que cólica e dores na relação eram sintomas normais durante toda a sua vida. Mas, hoje sabemos que esses sintomas podem ser o primeiro sinal da endometriose e, por isso, qualquer queixa clínica deve ser valorizada”, afirma o médico.

3. Não relatar os sintomas ao médico

Esquecer ou deixar de informar os sintomas abaixo pode aumentar a demora pelo diagnóstico.

 

Quando desconfiar que tenho endometriose (quais os sintomas da endometriose)?

Segundo Edvaldo, a dor pélvica é o principal sintoma da endometriose. Que se manifesta de várias formas, tais como:

  • dismenorreia (cólica menstrual);
  • infertilidade;
  • dor pélvica crônica (ou acíclica);
  • dispareunia de profundidade (dor durante a relação);
  • alterações intestinais cíclicas (dor à evacuação, sangramento nas fezes, aumento do trânsito intestinal durante o período menstrual);
  • alterações urinárias cíclicas (ardor, perda de sangue na urina, aumento da frequência acompanhando o fluxo menstrual).

Como chegar ao diagnóstico da endometriose?

Após a suspeita clínica da endometriose, o médico irá iniciar a investigação com exames de imagem específicos, como o ultrassom pélvico transvaginal com preparo intestinal e/ou ressonância magnética com preparo intestinal. Entretanto, esses exames são outros fatores que podem contribuir para o atraso no diagnóstico.

“Esses exames devem ser realizados por médicos especializados e preparados para a intepretação das imagens que mapeiam a endometriose. Infelizmente, há escassez de médicos capacitados nos laboratórios e centros médicos brasileiros”, diz Edvaldo.

Diagnóstico definitivo é sempre cirúrgico?

Por muito tempo, as mulheres que tinham a suspeita clínica de endometriose eram submetidas à cirurgia por videolaparoscopia para confirmação diagnóstica e este era o único método definitivo para confirmação da doença.

 

Entretanto, segundo o médico, graças ao avanço do diagnóstico por imagem (ultrassom e ressonância magnética) e à experiência dos médicos especializados em endometriose, após a suspeita clínica, exames físico e por imagem, o diagnóstico da endometriose é firmado na grande maioria dos casos.

“A videolaparoscopia diagnóstica ficou reservada para um seleto grupo de pacientes. Atualmente, conseguimos diagnosticar, mapear e individualizar o melhor tratamento da endometriose, que pode ser clínico ou cirúrgico”, comenta o médico.

Como mensagem final, Edvaldo reforça a importância da valorização das queixas de cólicas menstruais, principalmente em mulheres jovens, pois a doença pode ter início precoce, e nessa fase o principal sintoma será a cólica menstrual intensa.

“Quando a dor for intensa e exigir repouso ou afastamento das atividades rotineiras, é preciso prestar atenção. Cólica menstrual não deve ser algo incapacitante, se for, o médico deve valorizar a queixa e investigá-la”, conclui.