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Espécies marinhas estão ameaçadas por toneladas de plástico nos oceanos

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A vida marinha corre sérios riscos em decorrência da falta de políticas públicas e educativas que rompam os ciclos danosos de consumo e descarte de resíduos. Para se ter ideia da magnitude do problema, um estudo da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (Iswa) apontou que aproximadamente 25 milhões de toneladas de resíduos chegam aos oceanos todos os anos. Em média, 50% desse montante, são de plástico.

A estimativa, apresentada em 2018, mostra, ainda, que 80% tem origem nas cidades, em razão de uma má gestão dos resíduos sólidos – problema que resulta em algo entre 500 milhões e 900 milhões de tonelada não coletadas.

Sem medidas efetivas e rápidas, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), até 2050 pode haver mais plástico do que peixes nos mares.

Tartarugas e aves marinhas são as que mais sofrem

 

“O plástico e os artefatos de pesca são a principal causa de mortalidade de espécies nos mares e oceanos”, comenta a Dra. Valéria Rupuollo, médica-veterinária com atuação em resgate de animais em situação de emergência ambiental, presidente do Instituto Mar e embaixadora para America Latina do World Cleanup Day.

Segundo ela, a morte ocorre, principalmente, pela ingestão dos resíduos ou quando os animais ficam presos a eles. “Já foi possível constatar que a situação ameaça todos os tipos de espécies marinhas, mas as tartarugas e algumas aves – como o albatroz e o petrel – são as que mais sofrem e correm sérios riscos.”

Peixe preso dentro de uma luva plástica – Foto: Joel Saucedo/Pixabay

Problemas vão além da mortalidade

As notícias de morte de animais por causa da poluição impactam, assim como o fato de que, antes de irem a óbito, milhares de animais estão vivendo em condições de sofrimento. São observadas deformações físicas em animais que, quando filhotes, tiveram partes de plástico presas ao corpo e cresceram com o objeto.

Pesquisas internacionais apontam que a poluição das águas, o que inclui as substâncias tóxicas cancerígenas liberadas pelo plástico, causam outras alterações na vida marinha. “Entre as consequências estão alterações congênitas e hormonais nos animais”, comenta a Dra. Cristina Maria Pereira Fotin, que integra a Comissão de Médicos-Veterinários de Animais Selvagens do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP).

 

O reflexo disso acontece em cadeias, passando pela redução de populações de um determinado grupo animal, que, por sua vez, provoca outros desequilíbrios. “Exemplos disso são as oscilações de populações das espécies. Se uma apresenta redução, pode haver diminuição de outra que se alimentava dela e, também, superpopulação de uma terceira, que servia de alimento para as que estão apresentando queda no número de indivíduos”, explica Cristina.

A médica-veterinária também considera que o cenário aumenta a probabilidade de alteração do oxigênio da água, em decorrência do aumento da proliferação de cianobactérias. “Isso influencia negativamente na reprodução de peixes e outros organismos aquáticos.”

Problemática reflete lacunas sociais

Na opinião da Dra. Valéria Rupuollo, presidente do Instituto Mar, a presença de resíduos nos mares e oceanos está intrinsecamente ligada à pobreza. “Existem comunidades totalmente desassistidas que não têm qualquer ação de promoção à saúde, educação e lazer. Menos ainda para destinação de seus resíduos, que vão parar no mar”, diz Valéria.

Calcula-se que mais de 50 mil pessoas habitem favelas de palafitas na Baixada Santista, uma delas é a comunidade “Caminho das Índias”, em São Vicente (SP), inserida em um ecossistema costeiro de transição entre os biomas terrestre e marinho. “Com isso, cerca de 20 toneladas de resíduos recicláveis chegam ao mague por dia, sendo que 10 toneladas são de plástico.”

 

Brasil não assinou acordo global pela redução de plástico

Mesmo diante da gravidade do problema, o Brasil não assinou um acordo global que visa limitar o uso do plástico. Fomos um dos sete países que optaram por abrir mão de estar no grupo dos 187 que apoiaram a resolução da ONU, cuja proposta é adotar medidas para diminuir a produção do plástico de uso único, fomentar pesquisas no sentido de descobrir alternativas e fazer estudos científicos para a reciclagem.

A negativa vai na contramão do que o atual governo brasileiro havia demonstrado ao criar o Plano de Ação Nacional de Combate ao Lixo no Mar – para o qual seriam investidos R$ 40 milhões.

O Brasil é um dos cinco países que mais produzem lixo plástico, ao lado de China, Índia, Indonésia e Estados Unidos. Segundo a ONU, “a poluição proveniente do lixo plástico atingiu proporções epidêmicas com uma estimativa de 100 milhões de toneladas de plástico encontradas atualmente nos oceanos”.

*Com informações da Assessoria de Comunicação do CRMV-SP

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