Eu desde menina quis ter uma vida corporativa de sucesso, fiz colégio técnico, faculdade e consegui empregos em multinacionais, nas quais era muito bem remunerada e cheia de benefícios, parecia perfeita. Eu me casei, tivemos uma filha linda, a Sarah e quando ela completou um ano, decidimos ter mais um filho, pois sempre quis “a casa cheia”. Venho de uma família grande e muito movimentada – sou a terceira filha de um total de 6 irmãos. Bom, mais um desejo se realizando e chega em breve a segunda filha, nossa Sofia.
Tudo ia bem, exames e pré-natal em dia, e no oitavo mês de gestação, em um exame de rotina, fui surpreendida pelo médico com um laudo de que minha pequena joia teria uma síndrome muita rara chamada de Crouzon, associada a craniostenose. Lembro-me bem dos médicos dizendo que precisaria esperar para ver como as coisas aconteceriam, pois era raro e muito novo lidar com casos como o dela; não saberiam quando ela iria andar ou sentar, se aprenderia a ler e escrever, e muitos “se” foram colocados à nossa frente.
Saímos, eu e Fábio do hospital, direto para casa da minha mãe, arrasados, com muito medo e assustados… E chorei, chorei muito, contando tudo nos mínimos detalhes para a Dona Lucia e quando ela percebeu que nosso desespero só aumentava, ela disse: – Chega! Vocês precisam parar com isso agora! Minha filha, decida agora que tipo de mãe você quer ser para seu bebê, porque ela não precisa de uma mãe fraca e desesperada. Ela vai precisar de alguém que lute, que aceite ela exatamente como é, mas a escolha é sua. Você decide se quer ficar chorando ou se quer ser o que a Sofia precisa.
Confesso que na hora aquilo foi duro e cruel, pois hoje reconheço que sentia pena de mim. E quer saber: foi o melhor que minha mãe poderia ter feito, porque ali decidi ser a melhor mãe que eu pudesse ser, pois eu mal sabia o que me esperava, e literalmente me desesperar não ajudaria.
Até hoje, a Sofia passou por 12 cirurgias, sendo 9 de crânio (para liberar espaços e ela conseguir se desenvolver sem sequelas), duas de adenoide e uma de amígdalas, tudo para ela respirar melhor e ter uma vida mais leve. Hoje, com 12 anos, ela anda, fala (e muito), estuda, pratica esportes e é a pessoa responsável por me tornar uma mulher melhor e causar a grande virada na minha vida.
Depois dela, descobri que ser bem-sucedida financeiramente e carreira corporativa era muito pouco quando o que sem tinha em risco era a vida da minha filha. Por conta das cirurgias regulares da Sofia, fui demitida e me vi sem chão; foram dias difíceis, com um bebê que precisava de convênio, de medicação, uma outra criança ainda pequena e parecia de novo que tudo estava dando errado. Mais uma vez me reinventei: voltei a estudar, fiz terapia para me conhecer, passei por um processo de coach e descobri minha missão.

Aí nasceu a Casa da Madrinha, um espaço terapêutico para cuidar de crianças e mães com estados emocionais desregulados, para orientar mães a lidar com seus filhos, para ajudar crianças a construir autoestima, autoconfiança e serem mais felizes. Sim, fiz isso na prática, motivando, incentivando, construindo crenças positivas nas minhas filhas, nos consultórios e hospitais por onde passei.
Fiz formações em Psicopedagogia, PNL, Coach, Inteligência Emocional e muito mais na área de desenvolvimento humano; primeiro para entender e lidar com minhas dores, depois ela passou a ser ferramenta para contribuir para a vida de muitas outras famílias, pois aprendi que mulheres curadas, curam.
Depois de 10 anos de ótimos resultados, estamos inaugurando mais um espaço, com uma ótima estrutura para atender a todos com conforto e qualidade.
Sempre me perguntam: – Mas, por que Casa da Madrinha? Porque a minha casa sempre foi refúgio e acalento para nossos 13 sobrinhos, dos quais 6 são meus filhados. Adivinha onde era a Páscoa? Na casa da madrinha. E a festa junina? Na casa da madrinha., e o Natal? Na casa da madrinha… rs
Não poderia ser outro nome, este é o nome que acolhe, que ensina e que nunca desiste de deixar a vida ser mais leve.
Cíntia Kliman
Contatos pelo 11 94567-6427 ou @casadamadrinhaterapia