Principal responsável pela produção da CoronaVac no Brasil, o Instituto Butantan pediu recursos ao governo federal para permitir a realização de testes da vacina e de adaptações da fábrica para produzir o imunizante, mas não foi atendido.
É o que mostram dois ofícios encaminhados pelo instituto à CPI da Covid no Senado. Nesta quinta-feira (27), a comissão ouvirá o presidente do instituto, Dimas Covas.
A TV Globo questionou o Ministério da Saúde sobre o assunto, mas não havia obtido resposta até a publicação desta reportagem.
Os dois ofícios foram encaminhados por Covas ao então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em 18 de agosto do ano passado.
Os pedidos foram feitos poucos dias após uma visita de secretários e assessores especiais do ministério ao instituto.
Nos documentos, o Butantan explicava que havia obtido doações para financiar parte dos testes clínicos e da reforma para adaptação da fábrica, mas ainda faltavam recursos.
Ao todo, eram necessários R$ 145 milhões, dos quais R$ 85 milhões para completar o orçamento dos testes clínicos e R$ 60 milhões para a reforma da fábrica.
À época dos pedidos, a chamada fase 3 dos estudos clínicos já havia sido aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e era realizada em seis estados do país.
Só que o dinheiro do governo federal nunca chegou, segundo o Butantan.
“Até o momento, o Instituto Butantan recebeu, por meio de sua fundação de apoio (Fundação Butantan) apenas recursos provenientes do fornecimento da vacina contra o novo coronavírus”, informou a assessoria do instituto nesta quarta-feira (26).
“A fábrica que produzirá a vacina em sua integralidade, incluindo o Ingrediente Farmacêutico Ativo, recebeu recursos exclusivos de doações da iniciativa privada, superiores a R$ 190 milhões. As obras devem ser concluídas em setembro.”
Em setembro de 2020, o governo de São Paulo chegou a anunciar que o envio de R$ 80 milhões pelo governo federal para ajudar a financiar a reforma da fábrica. Mas, segundo o Butantan, isso não ocorreu.