A advogada Mônica Rosenberg, cofundadora do Instituto Não Aceito Corrupção, em entrevista exclusiva ao portal Click Guarulhos, falou sobre os motivos que levaram à criação da ONG, sobre a atuação da entidade e de como a corrupção está presente em hábitos considerados normais, mas que precisam ser combatidos.
Formada pela USP em 1990 e com mestrado na França, ela viveu por muitos anos fora do Brasil. Trabalhando em busca de investimentos estrangeiros para o País, notou o quanto o excesso de burocracia e a prática da corrupção afastavam interessados. Comenta que muitos empresários interessados em abrir negócios no Brasil perguntavam se eram mesmo tantas exigências e muitos acabavam desistindo de se instalar no país. Ela percebeu o quanto esse ambiente era prejudicial à Nação brasileira e sentiu necessidade de fazer algo a respeito.
Em 2015, dialogando com um colega dos tempos de faculdade, Roberto Livianu, concluíram que os movimentos de rua que instigavam a população a posicionar-se contra a corrupção não eram suficientes. Era preciso reverter a cultura de corrupção que domina o Brasil. Não havia um diagnóstico preciso de quanto isso era prejudicial. Uma primeira necessidade do instituto que vislumbraram montar seria criar esse mecanismo. Juntaram-se ao grupo a jornalista Laura Diniz e o publicitário Bruno Bertani. Livianu assumiu a presidência e Mônica ficou como diretora executiva.
Um dos eixos de atuação do Instituto Não Aceito Corrupção (INAC) era a pesquisa, pois não há números precisos sobre corrupção. O principal indicador usado para monitorar a corrupção no mundo é o Índice de Percepção da Corrupção (IPC) da Transparência Internacional. O INAC pesquisou 53 mil processos no Conselho Nacional de Justiça, analisando os gargalos que tornavam mais difícil a efetiva punição aos corruptos.
Um outro eixo foi o da educação e conscientização, buscando reverter a cultura permeada entre o povo brasileiro de que conseguir “um jeitinho” para driblar as dificuldades ou obter algum ganho era algo que precisava – e ainda precisa – ser erradicado da sociedade. Afinal, se queremos políticos honestos, administradores honestos, o povo precisa também agir com honestidade em cada atitude do cotidiano. Assim, subornar o guarda de trânsito ou o fiscal de obras é quase tão pernicioso quanto um detentor de mandato eletivo se servir da posição para auferir vantagem pessoal.
O terceiro eixo foi o de defender políticas públicas, para a construção de um arcabouço jurídico para dar respaldo às necessárias punições a quem praticasse corrupção.
O INAC participou, por exemplo, da coleta de 700 mil assinaturas contra o Foro Privilegiado e a ONG se posicionou contra mudanças na Lei de Improbidade Administrativa que favoreceriam a prática da corrupção. Neste ano, uma das bandeiras do Instituto é combater a proliferação de fake news nas redes sociais, para evitar que tenham influência nas eleições.

Em 2018, Mônica afastou-se da Diretoria do Instituto porque decidiu filiar-se ao Partido Novo e concorrer a deputada federal. Os estatutos da ONG não permitem que seus integrantes atuem diretamente em disputa eleitoral. Fez a campanha com mínimo de recursos, porque o Novo se recusa a usar dinheiro público do Fundo Eleitoral. Obteve mais de 35 mil votos e hoje é a primeira suplente do partido em SP.
No momento, ela aguarda o lançamento de seu livro, um guia prático anticorrupção, no qual chama a atenção das pessoas para que avaliem o próprio comportamento. “Quem vende o voto, qualquer que seja o valor, seja em troca do que for, tem direito de se queixar da corrupção dos agentes públicos?”, deixa a pergunta no ar. Afirma sonhar com um futuro brilhante para o Brasil, mas sabe que para isso há um longo caminho a percorrer e que, mais do que ambições pessoais, é preciso haver um grande projeto em favor do País. “A política é a arte do diálogo, mas não da negociação espúria, do toma lá-dá cá. Diálogo que eu digo é em torno de princípios, de decisões éticas, em prol do coletivo, e não de grupos de interesse”, acentua.
Outra frente de atuação de Mônica Rosenberg é o Movimento Livres. Ela explica tratar-se de um numeroso grupo de mentes inteligentes, a maioria jovens, que age em 3 frentes: 1) Forma – estuda grandes pensadores em defesa da liberdade e ministra cursos sobre o liberalismo; 2) Informa – promove webnários, clube do livro, de debates e ações no movimento estudantil com discussões setoriais e temáticas; e 3) Reforma – análises técnicas aprofundadas sobre questões em discussão no país. Em suma, o Movimento defende liberdade com responsabilidade, e isso inclui reduzir a burocracia e a impunidade, gestão pública com maior transparência e repúdio social, que se traduz em uma sociedade participativa posicionando-se fortemente contra todo tipo de corrupção.
Para saber mais:
www.naoaceitocorrupcao.org.br
www.eusoulivres.org