O delegado de Polícia Civil Gustavo Mesquita Galvão Bueno protocolou, na tarde desta terça-feira, um pedido de apuração da Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo, sobre as denúncias de que o vereador Senival Moura (PT) teria ligação com o crime organizado. Ele quer que o parlamentar seja investigado pela Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo. “Esses fatos gravíssimos têm que ser apurados. É inadmissível que um vereador supostamente envolvido em fatos como esse possa continuar exercendo suas funções na Câmara Municipal”, afirma Mesquita.
O delegado informa que baseou seu pedido de apuração no artigo 12 da Resolução 07 de 29 de maio de 2003, que prevê investigação a quem pratica irregularidades no exercício do mandato. “Como cidadão, tenho o direito de exigir que o vereador seja investigado, conforme prevê o Regimento Interno da Câmara”, completa o delegado.

No dia 9 de junho, a Polícia Civil de São Paulo deflagrou uma operação para investigar uma suposta ligação do vereador com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo a Polícia, o grupo teria participação no transporte público da capital paulista. Entre os alvos da ação policial estão integrantes da direção da Transunião, empresa contratada pela Prefeitura de São Paulo para operar 50 linhas na capital. Segundo a SPTrans, a empresa tem 564 coletivos e há 315 mil passageiros que dependem de seus serviços na cidade de S.Paulo.
Ainda de acordo com a Polícia, Senival é investigado por suspeita de envolvimento na morte de um ex-diretor da empresa de ônibus Transunião, Adauto Jorge Soares. O parlamentar nega as acusações (leia nota no fim da matéria)
O vereador Delegado Palumbo protocolou um pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o suposto envolvimento de Moura com a Máfia dos Transportes. Porém, ele não conseguiu a adesão de muitos outros vereadores para a instalação da CPI. Ao participar do programa “Brasil Urgente”, do apresentador Datena, ele mencionou que para a Corregedoria agir precisaria ser provocada por um pedido que poderia ser protocolado por qualquer cidadão. Gustavo estava assistindo ao programa e se prontificou a ingressar com o pedido. “Eu e o vereador Palumbo iremos até o final para apurar esse esquema espúrio de corrupção envolvendo transporte público em São Paulo. Há anos se fala da ligação entre o poder público e o crime organizado nesse setor e ninguém faz nada para mudar essa situação”, afirma Mesquita.
Esquema
De acordo a polícia, o vereador também é suspeito de envolvimento em um suposto esquema de lavagem de dinheiro do PCC. As investigações do DEIC começaram com a apuração da morte de Adauto Soares Jorge, ex-diretor financeiro da Transunião.
Segundo a polícia divulgou, Adauto seria “testa de ferro” do vereador Senival Moura na direção da empresa, utilizada para a lavagem de dinheiro de membros do PCC.
OUTRO LADO
No dia 9, quando foi realizada a operação policial e citado o nome do vereador Senival Moura, ele divulgou Nota Oficial, na qual afirma nada ter a ver com o suposto esquema, nem com a morte de Adauto Jorge Soares.
Segue a íntegra da nota:
Eu, vereador Senival Moura venho me manifestar através desta nota pública sobre os acontecimentos noticiados em todos os meios de comunicação hoje.
Antes de comentar sobre os fatos ocorridos no dia de hoje quero reafirmar a minha história de atuação, liderança e organização do transporte alternativo na Cidade de São Paulo a qual tenho muito orgulho disso.
Sobre o Adauto Jorge Soares sinto até hoje essa perda, principalmente, pela forma cruel e violenta que foi.
Adauto junto comigo e vários outros companheiros lutamos pela regulamentação do transporte coletivo na Cidade de São Paulo. Entre o início da operação clandestina e a transformação em empresas passaram-se 30 anos.
Portanto, Adauto era um companheiro de luta, trabalhador e meu amigo.
Vale ressaltar que no momento da morte do Adauto, nem eu e nem ele tínhamos mais qualquer vínculo com a empresa Transunião S/A.
Essa manhã fui surpreendido por uma operação policial em minha casa, mas quero aqui reafirmar que eu não tenho nenhum envolvimento com as ações que estão sendo noticiadas. Entretanto eu estou a disposição da justiça para quaisquer esclarecimentos, eu que sou formado em direito confio plenamente na justiça e sou um defensor do Estado Democrático de Direito.
Por fim, passarei por esse momento com a mesma serenidade, tranquilidade e consciência tranquila que sempre nortearam a minha vida.
Ver. Senival Moura