Uma Chelonia mydas – tartaruga-verde, que morreu em Santa Catarina após ser resgatada bem debilitada, passou por necropsia, que revelou que havia grande quantidade de plástico em seu estômago e no intestino.
Como parte do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos, ela havia sido levada para a Unidade de Estabilização de Animais Marinhos da Udesc, em Laguna (SC), mas não resistiu.
O caso serve de alerta para toda a população, pois é cada vez mais frequente que animais marinhos sejam vitimados por engolir plásticos que são descartados de forma indevida pelas pessoas. Além desses materiais grandes, retirados do organismo da tartaruga, é preciso considerar que, mesmo depois que se deterioram, os plásticos transformam-se em microplásticos, que também são danosos a inúmeras espécies, inclusive a humana.
Diante de tantas informações que demonstram o quanto é prejudicial ao meio ambiente o descarte indevido de materiais, é urgente que as famílias mudem seus hábitos. Em primeiro lugar, deve-se reduzir drasticamente o uso de plástico; por exemplo, levando sacolas reutilizáveis nas compras de supermercado. Quanto aos plásticos que chegam às residências, é imprescindível que sejam considerados material reciclável e encaminhados à Coleta Seletiva ou a locais que coletam esses produtos.
Em Guarulhos, os caminhões da Coleta Seletiva atendem todos os bairros da cidade. No entanto, apenas 4% de todo o lixo da cidade é entregue a esse serviço, o que por si é um dado muito preocupante. Afinal, todo um aparato é colocado à disposição da população, mas ela insiste em despejar junto com o lixo orgânico todo material que poderia ser reciclado. Preocupa ainda mais outra informação: desses 4%, 3% são coletados em condomínios; das residências em geral, a Coleta Seletiva só representa 1% do total.
Como é muito difícil mudar os hábitos de adultos, que há décadas agem do mesmo jeito, a esperança é que as crianças recebam nas escolas ensinamento para ter consciência de que é necessário separar o que é lixo do que é reciclável. Aliás, mesmo da parte considerada como lixo orgânico pelos que se preocupam em reciclar, há uma porcentagem elevada que se trata de material de compostagem, como cascas de frutas e legumes, por exemplo, transformando-se em adubo orgânico para jardins e hortas. Apenas o que é chamado rejeito, como papel higiênico, absorventes íntimos e fraldas descartáveis é efetivamente lixo.
Quando as pessoas se conscientizarem do quanto são nocivos os hábitos que reproduzem de geração para geração, as prefeituras poderão economizar muito do alto valor que gastam com a coleta de lixo, além do que não é segredo que são cada vez mais raros os locais disponíveis para aterros sanitários.
Cada ser humano deve repensar suas atitudes: deve continuar ajudando a matar seres indefesos, jogando plásticos na natureza? Que tal cada pessoa fazer sua parte, separando o que é reciclável, o que é resíduo que pode ir para compostagem e o que é rejeito? Se não dá para reverter todos os danos que já causamos ao meio ambiente no passado, é possível fazer o certo de agora em diante.
Valdir Carleto