Fascinados por contar a história que tem em mãos, os diretores Rodrigo Campos e Denise Szabo se dizem completamente imersos na produção do documentário “Tietê: Águas Verdadeiras”. O filme, financiado pela Lei de Incentivo à Cultura de Mogi das Cruzes (LIC), se propõe a mapear o percurso do rio Tietê, desde sua nascente, na Serra do Mar, até chegar ao limite entre Mogi das Cruzes e Suzano. Segundo os diretores, este projeto vai além de uma simples narrativa paisagística, e sim busca resgatar as memórias afetivas e ambientais ligadas a esse famoso curso d’água, essencial à cidade e parte do estado de SP, porém praticamente condenado à morte pela poluição.
Em um trecho curto, cerca de 45 quilômetros a partir da nascente, o Tietê já enfrenta problemas sérios, como a escassez de água e a presença do bagre africano, espécie carnivora e muito resistente. O peixe foi introduzido no Brasil em meado da década 1980 e pertence á familia Ictaluridae, encontrado em diversas partes do continente africano. Como não possui predador natural, elimina as poucas espécies nativas, afetando o ecossistema e intensificando a poluição do rio. Essas adversidades transformam o rio ao chegar a São Paulo, exibindo águas estagnadas e escuras. Mas o documentário busca resgatar um passado onde o rio era vivo, pulsante, navegável e nadável.
A equipe do projeto, após nove meses de pesquisa, coletou histórias emocionantes de pessoas que viveram nas margens de um rio exuberante. Onde se pescou num Tietê límpido, amplo, vistoso e amigável. Dona Terezinha, por exemplo, recorda de sua infância, na década de 1950, onde morava numa casa que abrigava não só sua família, mas a própria nascente do rio.
O filme não se limita a recordações nostálgicas; também destaca os desafios atuais. Ambientalistas como Victor Kinjo e especialistas como Alexandre Hilsdorf oferecem análises cruciais sobre a situação crítica do rio, enfatizando a necessidade urgente de despoluição e preservação.
“Rio Verdadeiro” é o significado de Rio Tietê em língua tupi. E é isso o que as histórias apresentadas no documentário querem reforçar. Segundo os produtores, a equipe do projeto, que oferece contrapartidas sociais, educacionais e culturais à sociedade, captou belas imagens, que comprovam ainda haver vida no curso d’água.
As filmagens começaram em 22 de setembro, Dia do Tietê, capturando momentos simbólicos em Biritiba Mirim e Salesópolis, locais de celebração e origem do rio. Em outubro, o registro incluiu a interação de alunos com o Tietê e exploração do Museu da Energia, demonstrando a conexão das novas gerações com o rio.
O documentário tem previsão de lançamento para 2024 e conta com apoio da comunidade e patrocinadores locais. Além de festivais de cinema, será exibido em espaços públicos de Mogi das Cruzes e região, trazendo à tona não só a urgência da preservação, mas também realizando oficinas culturais para os jovens locais.
Para saber mais sobre o documentário, assista o teaser abaixo: