A luta contra a depressão tem se tornado um tema cada vez mais presente entre celebridades, que ao compartilharem suas histórias, ajudam a quebrar o estigma em torno dessa doença.
De acordo com a OMS – Organização Mundial da Saúde – 5,8% da população brasileira sofre de depressão, já de acordo com o Ministério da Saúde, a prevalência pode chegar a 15,5%, sendo 20% nas mulheres e 12% nos homens.
Famosos falam sobre luta contra a depressão
Recentemente, tanto o cantor sertanejo Lucas Lucco quanto o padre Fábio de Melo falaram abertamente sobre as dificuldades que enfrentam em sua jornada com a saúde mental.
Em um evento marcado por grande emoção, durante as celebrações dos 35 anos da Comunidade Católica Obra de Maria, na Arena Pernambuco, o padre Fábio de Melo revelou aos fiéis sua luta contra a depressão.
“A depressão tomou conta de mim de novo e nas duas últimas semanas eu só tenho um pensamento nesta vida, minha gente, a vontade de deixar de viver. Mas eu não estou sozinho nesta dor, eu sei que o Senhor está em mim e sei que não vou desistir. Quero pedir que estendam os braços para aqueles que sofrem comigo”, disse o padre.
Do lado da música sertaneja, Lucas Lucco, também conhecido por sua luta contra a depressão, abriu seu coração em uma entrevista ao Podshape, no último domingo (19). O cantor, de 33 anos, falou sobre a pressão emocional que a fama impõe, especialmente quando o sucesso se torna difícil de manter. “Acho que tem muito a ver com a fama. Você conquista um espaço, mas tudo o que vem com isso é muito pesado: a pressão, a cobrança”, explicou.
A importância da ajuda profissional
De acordo com a neuropsicóloga Karliny Uchôa, é preciso reforçar sempre a necessidade de tratar a depressão como uma doença real e buscar ajuda profissional.
“É necessário buscar ajuda profissional. A depressão, como qualquer outro problema de saúde física por exemplo, deve ser tratada com seriedade”.
“Entender que não estamos sozinhos e que a disposição para procurar tratamento médico é fundamental para uma recuperação mais rápida e saudável do equilíbrio na saúde mental”, conclui a neuropsicóloga.
Janeiro Branco: a campanha pela saúde mental e o compromisso do DNOCS
O mês de janeiro tornou-se, desde 2014, um símbolo de renovação, não só para as metas pessoais, mas também para a saúde mental dos brasileiros. Em 2025, o Brasil abraça novamente a campanha Janeiro Branco, um movimento nacional que convida a sociedade a refletir, dialogar e agir em prol do bem-estar emocional. Criado pelo psicólogo e escritor Leonardo Abrahão, o Janeiro Branco consolidou-se como um marco no calendário nacional, sendo reconhecido oficialmente, desde 2023, com a edição da Lei Federal n°14.556/23.
O Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) entende que a saúde mental é uma prioridade, tanto para os indivíduos, como para as instituições.
Dessa forma, para apoiar o movimento Janeiro Branco, a Autarquia reforça a importância de cuidar do bem-estar emocional de seus agentes públicos e da sociedade como um todo.
De acordo com o Instituto Janeiro Branco, o tema deste ano, “O que fazer pela saúde mental agora e sempre?”, busca engajar diferentes setores da sociedade, desde indivíduos até grandes organizações, em ações concretas para valorizar a saúde mental como uma prioridade coletiva.
O Brasil enfrenta desafios significativos quando o assunto é saúde mental. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Global Mind Project mostram que o país tem a maior prevalência de transtornos de ansiedade do mundo e é o líder em depressão na América Latina. Além disso, a crise emocional pós-pandemia ainda impacta fortemente a população, com cerca de 34% das pessoas relatando angústia, especialmente entre os jovens abaixo de 35 anos. Os índices de suicídio e autolesões também apresentam um crescimento alarmante, com taxas entre jovens aumentadas a cada ano.
Diante desse cenário, a campanha Janeiro Branco torna-se cada vez mais importante. Ela busca, entre outras coisas, desmistificar a saúde mental, promover a busca por ajuda psicológica e criar um ambiente mais acolhedor para aqueles que sofrem em silêncio.
Lisiane Forte, psicóloga da Associação dos Servidores do DNOCS (ASDEC), destaca a importância de ações, como o Janeiro Branco, que trazem à tona um tema muitas vezes negligenciado, mas fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade mais equilibrada. “A saúde mental é um pilar essencial para a qualidade de vida. A campanha fortalece a idéia de que a saúde mental não é apenas a ausência de sofrimento, mas a busca por uma vida com significado e equilíbrio.”, afirma Lisiane.
Por que Janeiro Branco?
Conforme o Instituto Janeiro Branco, a escolha do mês de janeiro não é apenas simbólica. Assim como o início do ano é uma oportunidade para novos começos, o Janeiro Branco nos convida a refletir sobre nossas vidas e metas pessoais, dando atenção especial aos aspectos emocionais frequentemente negligenciados. A cor branca, escolhida para representar a campanha, simboliza essa chance de renovação e de construção de relações sociais mais autênticas, saudáveis e sustentáveis.
O compromisso do DNOCS
A conscientização sobre saúde mental não é apenas uma ação pontual, mas um compromisso constante. O DNOCS, assim como diversas outras instituições, reconhece a importância de criar um ambiente saudável e acolhedor, onde as pessoas se sintam livres para expressar suas emoções e buscar ajuda quando necessário. Por isso, o DNOCS apoia projetos que contribuem com a saúde mental de seus agentes públicos.
O projeto Otophilos, que atende servidores, terceirizados e estagiários, através da oferta de serviços psicológico, tem seus atendimentos realizados nas segundas e terças-feiras, no período da tarde, nos horários de 13:30, 14:30 e 15:30, na sala Orós do prédio da Administração Central do DNOCS. Além disso, a Autarquia também apoia projetos voltados para a espiritualidade, como momentos de grupos de orações, cujos encontros acontecem no auditório, e são promovidos pelos próprios servidores da Instituição. Também a ASDEC oferece para seus associados e dependentes o serviço de psicologia clínica, às segundas, quartas e sextas, com a psicóloga Lisiane Forter.
O Papel da Psicologia na Promoção da Saúde Mental
Lisiane Forte também lembra da importância da psicoterapia no cuidado da saúde mental. Por isso, respondeu a cinco perguntas que podem ajudar nessa busca por uma saúde integrada com mais qualidade:
Qual o objetivo da campanha Janeiro Branco?
O Janeiro Branco de 2025 continua sua missão de conscientizar sobre saúde mental, mas com um foco mais amplo e atualizado. Este ano, a campanha destaca a importância de fortalecer redes de apoio emocional, tanto pessoais quanto institucionais, e de integrar o cuidado psicológico às políticas públicas. O objetivo é criar uma sociedade onde saúde mental seja prioridade coletiva, indo além do autocuidado e promovendo transformações estruturais.
Quais são os principais desafios para cuidar da saúde mental durante o começo do ano?
Atualmente, alguns desafios estão mais evidentes:
- A sobrecarga da hiperconexão: o impacto das tecnologias emergentes, como Inteligência Artificial generativa, pode intensificar a sensação de urgência e vigilância constante.
- Ansiedade climática: o aumento das discussões e impactos relacionados às mudanças climáticas gera estresse coletivo e individual.
- Desafios econômicos: muitos ainda lidam com instabilidades econômicas, que afetam diretamente o bem-estar emocional.
- Busca de propósito: a busca por sentido na vida, intensificada no pós-pandemia, segue como um tema central para a saúde mental.
É essencial equilibrar o olhar para os desafios externos com práticas internas de autorreflexão e cuidado.
Como podemos identificar e lidar com os estigmas em torno de procurar ajuda de um psicólogo?
Apesar de avanços, ainda existem estigmas. Para lidar com eles em 2025:
- Use narrativas modernas: histórias reais, reforçadas por filmes, séries e mídias sociais, têm ajudado a humanizar a busca por ajuda.
- Fortaleça espaços seguros: criar ambientes livres de julgamento nas famílias, escolas e empresas é essencial para que as pessoas se sintam à vontade para buscar apoio.
- Promova saúde mental como investimento: mais pessoas compreendem que cuidar da mente é uma forma de aprimorar relacionamentos, produtividade e qualidade de vida.
Que práticas simples podem ser adotadas no dia a dia para promover o bem-estar emocional?
Para 2025, considere práticas que se alinhem às mudanças contemporâneas:
- Desacelere intencionalmente: reserve momentos para desconectar-se de dispositivos digitais.
- Priorize conexões autênticas: valorize conversas significativas e trocas reais, fortalecendo vínculos emocionais.
- Pratique gentileza consigo mesmo: permita-se descansar e acolher imperfeições sem culpa.
- Explore novas formas de expressão: escrever, pintar ou qualquer prática criativa pode ser uma forma de canalizar emoções.
- Engaje-se na comunidade: sentir-se parte de algo maior ajuda a combater a solidão e fortalecer o propósito.
De que forma o Janeiro Branco pode contribuir para uma mudança de mentalidade das pessoas em relação à saúde mental?
Em 2025, o Janeiro Branco reforça uma visão sistêmica e prática da saúde mental:
- Normalizando o diálogo emocional: trazendo conversas para todos os ambientes, de escolas a empresas.
- Combatendo desigualdades: promovendo acesso à psicoterapia e recursos emocionais para populações vulneráveis.
- Ampliando o foco coletivo: mostrando que saúde mental é uma responsabilidade de todos, não apenas individual.
- Incentivando inovação: explorando tecnologias e práticas emergentes para facilitar o acesso ao cuidado psicológico.
O Janeiro Branco é mais do que uma campanha, é um convite para repensarmos nossas atitudes, nossos relacionamentos e nossa saúde mental. O DNOCS reafirma seu compromisso com o bem-estar de seus servidores e da comunidade, apoiando essa causa e incentivando todos a participarem ativamente da promoção da saúde emocional.