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Exoneração do maestro Patarra repercute; Prefeitura não justifica

Os setores culturais de Guarulhos foram surpreendidos nesta sexta-feira com longa postagem no maestro Emiliano Patarra nas redes sociais, anunciando ter sido exonerado da Secretaria de Cultura após 23 anos prestando serviços ao Município.

À frente da Orquestra GRU Sinfônica e da Orquestra Jovem de Guarulhos, Patarra elevou o nome de Guarulhos com apresentações na Sala São Paulo, no Festival de Campos de Jordão e em inúmeros outros lugares, a ponto de ser convidado para reger recentemente em Milão, na Itália.

Graças ao seu empenho, foi criado o projeto Música nas Escolas, com aulas ministradas pelos integrantes da Orquestra Jovem, utilizando recursos da Secretaria de Educação. Patarra trouxe para Guarulhos em 2024 o Festival de Óperas. Em sua gestão, o Teatro Padre Bento foi designado como sede das orquestras. Promoveu apresentações ao ar livre no Bosque Maia e em outros espaços públicos, sempre levando música de qualidade até a população, quebrando de certa forma o tabu de que o povo não gosta de música clássica, pois os concertos sempre atraíram público.

Sempre ao seu lado esteve, por 20 anos, a musicista Selma Zarzur, também exonerada junto com ele em 1º de janeiro, conforme publicação no Diário Oficial de Guarulhos. Porém, como havia muitos projetos em andamento e consideraram que a exoneração poderia ter-se dado por desconhecimento dos novos gestores da cidade em relação ao trabalho desenvolvido por Patarra e por ela, mantiveram-se trabalhando, mesmo sem receber.

 

Segundo o Click Guarulhos apurou junto a alunos do Conservatório Municipal, quando houve a mudança do Macedo para a rua Ipê, o novo prédio não tinha internet, o que impediria o pleno funcionamento. Selma não hesitou e pediu instalação no local, por sua conta e vinha custeando o plano de internet até recentemente.

Patarra ficou sabendo informalmente na quinta-feira que a publicação da exoneração não seria revogada e que, portanto, ele e Selma estão fora da Secretaria de Cultura. Assim que postou seu desabafo, centenas de manifestações de solidariedade foram publicadas, com muitos testemunhos de sua dedicação e zêlo no exercício de suas funções.

Ele lamenta não ter tido sequer a oportunidade de ser ouvido pela nova gestão municipal. Uma petição pública circula na internet, angariando assinaturas em prol de sua permanência à frente das orquestras.

Maestro Emiliano Patarra rege a Orquestra Jovem durante ensaio no Teatro Adamastor – Foto: Divulgação

Teme-se que, com sua saída, a GRU Sinfônica e a Orquestra Jovem deixem de existir ou passem a ter papel figurativo, sem a presença marcante que tiveram até agora.

Nos bastidores, há várias versões. Uma delas é que, por terem sido prestigiados na gestão do prefeito Guti, são considerados “gutistas”. Outra é que assumiram funções na Prefeitura na gestão de Elói Pietá e por isso seriam considerados “petistas”. Em uma ou outra hipótese, cogita-se que Patarra seria substituído por alguém de outra cidade do Alto Tietê, de confiança do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto ou do secretário de governo, Carlos Santiago. Uma terceira versão é que as orquestras geram muitos gastos à Prefeitura, recursos que poderiam ser direcionados a outras atividades culturais de menor custo. Se for essa a causa verdadeira, gera mais preocupação, porque não seria apenas a substituição do comando, mas a possível extinção das orquestras.

Sob regência do maestro Emiliano Patarra, encontro musical trará canções como Aquarela do Brasil (Ary Barroso), Madalena (Ivan Lins) e Gaúcho (Chiquinha Gonzaga) – Foto: Nicollas Ornelas

SEM RESPOSTAS

 

Às 11h58, assim que tomamos conhecimento da dispensa de Patarra, enviamos questionamento à Assessoria de Imprensa da Prefeitura, nos seguintes termos:

Solicito manifestação da Secretaria de Cultura a respeito da dispensa do maestro Emiliano Patarra das atividades de direção artística da Orquestra Jovem e da GRU Sinfônica, instituições que levaram o nome de Guarulhos a outras cidades e que contribuíram de forma significativa para aproximar a música de boa qualidade da população. Por mais de 20 anos, Patarra demonstrou dedicação e zêlo no exercício de suas funções.

Quais os motivos que levaram a nova gestão a dispensá-lo?
As orquestras serão mantidas?
Se sim, quem irá dirigi-las?
Se não, qual o motivo para não mantê-las? Qual o projeto da Secretaria da Cultura quanto ao cultivo da música instrumental na cidade e quanto ao Conservatório Municipal?

Considerando que a Orquestra Jovem é mantida com recursos da Secretaria de Educação, caso ela venha a ser extinta, como ficam as aulas que os músicos dão na rede escolar da cidade, no âmbito do projeto “Música nas Escolas”?

Os questionamentos foram também enviados às 13h13 por WhatsApp para o diretor de Jornalismo, Paulo Pacheco, que respondeu às 13h21 que estavam sendo apuradas as informações.

Diante da repercussão do caso nas redes sociais, com muitos internautas nos cobrando a publicação, optamos por postar o assunto mesmo sem a manifestação da Prefeitura. E editaremos assim que recebermos a resposta.

Assunto: Visita do maestro João Carlos Martins a Emiliano Patarra
Local: Paço Municipal
Data: 10.01.2019
Foto: Fabio Nunes Teixeira

Atualização

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