Por Jônatas Ferreira
É comum caminhar pelas ruas de uma cidade e ver a moçada distraída, ou melhor, conectada em seus smartphones. Os jovens e adolescentes nascidos nas últimas duas décadas estão constantemente ligados com a tecnologia da informação que a cada ano vem ampliando seus horizontes.
A evolução social e cultural de alguns anos para cá está de alguma maneira ligada à internet, que trouxe uma nova maneira de ver e pensar ao mundo. A rede tornou-se para os filhos do século XXI o que a TV e o rádio foram para as gerações anteriores.
Informação, comunicação e entretenimento
Não dá para negar que quando o assunto é informação, a tecnologia veio para agregar e ampliar as possibilidades. Essa geração nasceu com a facilidade em se obter informação, de comunicar-se com todo o mundo, graças aos aplicativos de mensagens instantâneas, como o WhatsApp. Filmes e séries também nunca foram tão acessíveis (quem se lembra das locadoras?). Sem falar nas tecnologias aplicadas nos games…
Os jovens dessa geração fazem tudo ao mesmo tempo: conversam no celular, assistem à TV, navegam na internet e ouvem música. Provar dessa rapidez e facilidade é muito bom. Mas até que ponto isso pode ser positivo?
Constantemente, aparece nas redes sociais uma enxurrada de informações e muitas delas com fontes questionáveis. Milhares de jovens contribuem com uma notícia falsa, ou espalham algo prejudicial para alguém, só porque acham engraçado.
Na própria internet, não faltam exemplos de que, por vingança ou brincadeira, um vídeo ou imagem íntima de colegas foram espalhados para a sala e, posteriormente, para toda a escola e o mundo.
Quantas jovens não foram vítimas de assédios pela internet, difamações, vazamento de fotos e vídeos íntimos, pedofilia, perfis falsos e bullying? Com uma geração tão dependente do mundo digital, além de uma orientação adequada para os jovens, é necessário que os pais estejam tão antenados quanto os filhos, para que fiquem de olho no que a galerinha anda fazendo na internet, principalmente os mais jovens. Afinal, quanto tempo faz que vírus deixou de ser sinônimo de doença, mesmo?
Na Educação
As intuições de ensino vêm se adaptando para que o ambiente educacional do aluno esteja cada vez mais próximo do natural dos nativos da era digital. Para Pavlos Dias, gerente nacional de Operações da Blackboard Brasil, presente em 100 países e uma das principais desenvolvedoras de tecnologia educacional do mundo, o crescimento do uso de sua plataforma no Brasil nos últimos dois anos, o Blackborad Learn, tem perdido somente para os Emirados Árabes. “O Brasil evoluiu muito. O país está diferente de alguns anos atrás no uso de tecnologia em classe. Muitas usam isso para ser o diferencial da instituição”, comenta Pavlos, que há 12 anos trabalha com tecnologia aplicada à educação.
Entender que a tecnologia não deve ser só utilizada no âmbito administrativo das escolas é um grande passo para transformar a aula mais rica. Por que não o celular ou tablet para uma pesquisa rápida na internet no meio de uma aula, para tirar dúvidas? Ou complementar um trabalho com informações? Claro, tomando cuidado com as distrações que isso pode causar, como papear com os amigos.
Além do que as plataformas virtuais, adotadas por muitas instituições, permitem ao professor mensurar com mais clareza as diferenças existentes em cada aluno, através das atividades desenvolvidas na ferramenta. “O Colégio Parthenon tem investido muito em novas tecnologias, especialmente em infraestrutura de rede e internet (para suportar os múltiplos acessos realizados através dos dispositivos que os próprios alunos trazem para a escola, como tablets, notebooks, smartphones), plataformas de ensino adaptativo (para personalizar a oferta e avaliação de conteúdos educacionais), e Big Data (que auxilia na tomada de decisões de caráter pedagógico)”, relata Eduardo Oliveira, coordenador pedagógico do Colégio Parthenon, que complementa: “O uso dos tablets no ensino médio, por exemplo, está enriquecendo muito o trabalho desenvolvido pelos professores e torna o aprendizado muito mais atraente para os alunos”, finaliza.
Os alunos estão no mundo digital em todo momento e, por conta disso, acabam tendo melhor aproveitamento das informações, pois se identificam com o ambiente tecnológico que faz parte do seu dia a dia.
Afora a maior facilidade na hora de fazer as tradicionais práticas pedagógicas, ferramentas atuais podem ser utilizadas no planejamento da aula. “Com uma plataforma virtual, as possibilidades pedagógicas vão além dos padrões, como avaliações, entrega de trabalhos e disponibilização do conteúdo da aula. O professor pode pedir para que cada aluno ou grupo desenvolva um projeto de alimentação diária de um blog, por exemplo. Criação de vídeos também é algo de que os adolescentes gostam muito”, finaliza Pavlos.
O antes e depois
Máquina de escrever? Secretária Eletrônica? Internet discada? Nada mais disso tem lugar para a geração da praticidade. Quadro negro, giz, enciclopédia, bibliotecas e professores com a imagem suprema do saber: a imagem da escola antes da internet e a geração Z vir à tona ao mundo. Hoje, o Google é professor e até médico, afinal, ele responde tudo que você quer saber, não dá opiniões e pode ser acessado de qualquer aparelho eletrônico que esteja conectado, sem que indesejados fiquem sabendo.
A frase icônica: ‘tudo está na palma da mão’, resume bem os pensamentos da galera. Livros inteiros estão nas páginas da internet. A agenda não é mais aquele caderninho que a mãe costumava deixar ao lado do telefone. A própria TV e o rádio também estão inclusas nesses pequenos, porém, grandes aparelhos. Hoje, os jovens – será que são só eles? – em sua grande maioria, não conseguem dormir, sem antes ‘dar uma olhadinha no celular’.
Smartphone
A internet tem sido um espaço de descobertas para a moçada. Uma pesquisa do Instituto Crescer mostra que 92% jovens têm celular.
Uso do smartphone
A rede acadêmica Passei Direto fez uma pesquisa entre jovens universitários de 18 a 25 anos sobre a frequência do uso dos smartphones. Os resultados são interessantes:
- 75% antes de dormir;
- 69,5% tempo ocioso na faculdade;
- 62,8% tempo de locomoção;
- 62,5% ao acordar;
- 58,5% em filas.
Plataformas on-line
O crescimento do EAD (Ensino a distância) comprova que a tecnologia e a educação são bons aliados, se bem aproveitados. A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, por exemplo, mantém duas plataformas on-line que reforçam o aprendizado dos estudantes que se preparam para os vestibulares. Uma delas é a Geekie +, feita em parceria com a Geekie. A ferramenta já foi usada por mais de 3 milhões de brasileiros desde a sua fundação, em 2011, e divide o aprendizado por área: Linguagens e Códigos, Ciências Humanas, Matemática e Ciências da natureza. O espaço também oferece simulados que permitem identificar os pontos fortes e fracos por disciplina de cada aluno, sugerindo o que estudar.
Leia mais sobre a série Geração Z, da Revista Guarulhos edição 109
- Prazer, somos a geração Z
- Quem é a geração Z
- Os jovens e as relações pessoais
- Mercado de trabalho de X a Z