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Precisamos falar sobre Bullying

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Por Tamiris Monteiro

Um menino de 14 anos leva uma arma para a escola, abre fogo contra os colegas de sala, mata dois e deixa quatro feridos. Parece até enredo de filme, mas essa é uma breve descrição do que aconteceu dentro da escola Goyases, em Goiânia, no dia 20 de outubro. O motivo? Segundo o atirador, bullying. Desde o acontecimento, o tema voltou a ser debatido com força, principalmente entre pais e a comunidade escolar; afinal, a quem se pode atribuir responsabilidade em um caso assim?

No Brasil, 20% dos estudantes alegam já ter praticado algum tipo de bullying. Tais dados foram levantados pelo IBGE, que entrevistou mais de 100 mil alunos de escolas públicas e particulares de todo o Brasil. Na mesma pesquisa, 51,2% dos estudantes não souberam especificar um motivo para ter cometido tal agressão. A maioria dos casos está relacionada à aparência do corpo, seguida da aparência do rosto, raça/cor, orientação sexual, religião e região de origem. Geralmente, tais atos acontecem sem o conhecimento dos pais e professores, com consequências graves, como o medo e a insegurança.

Embora o bullying não seja uma prática tão recente, ao que tudo indica tem um peso maior nos dias de hoje. Para a psicóloga Caroline Caputo, isso porque existem vários agravantes na atualidade.

“Talvez, o principal, seja a internet. O chamado cyberbullying é ainda mais frequente que o bullying ‘tradicional’, visto que a facilidade de se omitir na internet é muito maior. Somado a isso, a ‘adultização’ das crianças também pode ser um fator de risco, já que hoje eles parecem mais conscientes e mais questionadores. Além disso, a escola apresenta um papel emocional e social ainda maior que há décadas, e é na escola onde ocorre a maior incidência de casos”, explica.

O papel da escola

 

De acordo com Ana Regina Caminha Braga, psicopedagoga e especialista em educação especial e em gestão escolar, o papel que a escola precisa desempenhar em relação ao bullying com as crianças, é o de amenizar qualquer distância que menospreza ou impossibilita o outro de mostrar o seu potencial. Ana Regina acredita que a escola precisa trabalhar e se desenvolver para que a tomada de consciência aconteça de modo geral, desde a equipe pedagógica, o administrativo até os discentes.

“Devemos estar atentos para detectar o processo e trabalhar em prol dos alunos vitimizados. Essa mobilização talvez seja uma alternativa para diminuir tal sofrimento. Cabe também ao núcleo escolar proporcionar aos alunos a participação em feiras culturais, exposições, diálogo com outros colegas e assim por diante, deixando-os mais à vontade no meio”, detalha.

Segundo a especialista, essas crianças e adolescentes chegam aos consultórios com bastante dificuldade e sofrimento e, infelizmente, a maior parte delas não terá atendimento adequado. Em alguns casos, nem o reconhecimento da situação. Por isso, para a melhor forma de combater o bullying é investir em prevenção e estimular a discussão aberta com todos os atores da cena escolar, incluindo pais e alunos. Orientar os pais para que possam ajudar, pois os mesmos devem estar sempre alertas para o problema. Seja o filho vítima ou agressor, ambos precisam de ajuda e apoio psicológico.

E quando o seu filho é o agressor?

Em casos de bullying é normal que os olhares se voltem para a vítima, mas e o agressor? Como é realizado o acompanhamento e até mesmo as orientações?

“É comum, e não que seja errado, que apenas a vítima de bullying seja acolhida nesses casos, sendo que o agressor, normalmente, tem muitas emoções e problemas escondidos dentro de si. É necessário ampará-lo e ouvi-lo. A fala do agressor pode revelar dramas familiares, medos e vergonhas. E para se defender e tentar revidar contra quem o agride, ele ataca os colegas. É claro que colocar-se à disposição não significa que necessariamente ele se abrirá, porém, é importante a ajuda de um profissional nesse momento”, pontua Caroline Caputo.

Já na escola, o ideal é que, primeiramente, se avalie qual é o comportamento que se repete. A partir daí é possível trabalhar no desenvolvimento de atividades que possam reverter esse comportamento.

“Ao contrário do que muitos pensam, expulsá-lo não é a solução. O mais prudente é manter uma escuta ativa, atenta e acompanhar esse aluno mais de perto”, avalia a psicóloga.

A especialista responde

Quais problemas uma criança que sofre bullying pode desenvolver?

Queda do rendimento, isolamento, atitudes agressivas ou reativas e até mesmo a depressão.

Como isso pode afetá-la na fase adulta?

 

Para as vítimas, o maior impacto é na autoestima. Mas, essas questões são extremamente amplas e, se não tratado, pode prejudicar em questões profissionais, nos relacionamentos sociais e até desenvolver graves doenças.

Quais tratamentos são indicados para uma vítima de bullying?

De todos os tratamentos possíveis, o acompanhamento psicológico é o mais indicado, visto que, como já dito anteriormente, essas crianças costumam sofrer alterações de humor, desenvolvem altos níveis de ansiedade, baixa autoestima e, em casos mais graves, podem chegar a desenvolver fobias ou depressões.

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