Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2020 da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o Brasil produziu 79,6 milhões de toneladas de lixo, em 2019. A projeção do estudo é que, até 2050, essa produção crescerá mais 50% e poderá alcançar 120 milhões de toneladas/ano. E dentro desse contexto, outro dado também assusta: a sujeira descartada inadequadamente no país cresceu 16% na última década e atingiu a marca de 29,4 milhões de toneladas em 2019.
Ainda de acordo com a Abrelpe, a destinação inadequada dos resíduos prejudica diretamente a saúde de 77,65 milhões de brasileiros, além de gerar um custo ambiental e para o sistema de saúde de cerca de US$ 1 bilhão por ano.
“Mesmo diante de números tão alarmantes, ainda existe quem questione o porquê de colaborar para uma mudança nesse cenário, ou que não enxerga os impactos que gera a falta da atitude sustentável no nosso dia a dia, ou ainda quem encontre dificuldades de como fazer isso. O primeiro passo é entender o quão nocivo é a produção exacerbada de resíduos, especialmente os que são descartados de forma errada, para então desenvolver a cultura da reciclagem e agir em prol da sustentabilidade”, comenta Jefferson Augusto de Sousa, monitor de educação profissional e representante do Programa Ecoeficiência do Senac Guarulhos.
Para esclarecer dúvidas sobre o tema e facilitar a vida de quem deseja aderir a uma rotina mais sustentável e colaborar com a baixa desses indicadores, o docente explica sobre algumas práticas importantes.
1. Em casa, como devo fazer a separação do lixo?
Em primeiro lugar, precisamos conhecer bem o sistema de coleta de lixo da nossa cidade. Existem locais que tem coletas alternadas, ou seja, em um dia há coleta de recicláveis e em outros de resíduos orgânicos. Já em outras localidades ambas as coletas acontecem juntas. Por fim, infelizmente, há ainda locais onde não acontece a coleta seletiva.
Se seu caso é a primeira opção, com coletas em dias distintos, recolha em sacos reforçados o lixo orgânico (restos de alimentos e os resíduos da lixeira do banheiro), devido ao chorume. À parte, verifique com o serviço de coleta local se existe a necessidade de embalar o lixo reciclável, pois na maioria das vezes não há. Assim você economiza com saco de lixo, diminuindo também o impacto ambiental. E sendo assim, basta entregar diretamente ao caminhão de coleta suas caixas de papelão e embalagens de produtos (limpos) na hora da coleta.
Caso ocorra a segunda opção (coletas acontecendo juntas), separe o lixo em sua casa identificando o reciclável do não reciclável utilizando sacos de cores diferentes (geralmente azul para reciclável e preto para orgânico). E, caso não tenha coleta seletiva na região onde você está, não desanime: você pode procurar pontos de entrega de recicláveis ou cooperativas de catadores, separar o lixo reciclável e entregar lá.
2. É preciso lavar as embalagens recicláveis que estou separando? Quais devem ser lavadas e como?
Sim, toda embalagem plástica, metalizada ou ainda de vidro devem ser lavadas para retirar o excesso de sujeira para evitar que entrem em decomposição e dificultem a reciclagem de outros materiais que estiverem junto, como o papel ou papelão.
3. Papel, quando está sujo de comida, é reciclável?
Infelizmente, não. O custo ambiental com água e energia para limpar esse tipo de material, e deixá-lo pronto para reciclagem, não compensa. Sendo assim, guardanapos sujos e embalagens que tiveram contato com os alimentos (como a clássica caixa de pizza) não serão reciclados.
4. Como fazer o descarte de vidros, pensando na segurança dos lixeiros que fazem a coleta?
Vidros, pedaços de cerâmica e qualquer material perfurocortante devem ser descartados com toda segurança. É recomendado embalar em papelão e papel e identificar o pacote, para evitar cortes em todo processo de transporte. Todavia, caso conheça alguma cooperativa de recicláveis por perto, verifique qual a política de coleta de vidros eles utilizam.
5. Isopor (embalagens de marmita, bandeja de frios, carnes, etc.) o que fazer?
Não são todos os centros de reciclagem que trabalham com o isopor, isso porque seu processo de reutilização é muito específico. Todavia, quando não tiver conhecimento se aceitarão ou não sua embalagem de isopor, pode sim ser descartada com os demais lixos recicláveis, desde que estejam limpos, como vimos anteriormente.
6. Preciso separar o lixo orgânico de alguma maneira? Como?
O lixo orgânico tem suas especificidades por serem decompostos de maneira rápida. Quem tem jardim em casa, pode fazer o descarte de cascas de frutas, legumes ou folhas das verduras, misturando com a terra e encobertos, assim você ganha uma camada extra de adubo para suas plantas e ainda diminui o volume do que será coletado.
Quando não existir essa alternativa, lembre-se de escolher embalagens reforçadas para o lixo orgânico (geralmente pesam e podem romper o saco), além de mantê-las bem fechadas para evitar a visita indesejada de ratos, baratas, moscas entre outros seres que podem transmitir doenças para você e sua família.
7. Como eu separo o lixo do banheiro do restante do lixo da casa?
O lixo do banheiro possui alto impacto infectante, o ideal é só retirá-lo perto do horário do transporte para a coleta e nunca o deixar “transitando” pela casa. Assim como o lixo orgânico da cozinha, o saco deve estar bem fechado para evitar exposição e possível contaminação do ambiente ao redor. Uma dica importante: aquela parte final do rolo de papel higiênico, assim como a embalagem da pasta de dente, sabonete e xampu, geralmente são descartadas – erroneamente – no lixo do banheiro, mas possuem grande potencial de reciclagem, então o correto é separá-los com os demais recicláveis.
8. Que tipo de “lixo” eu consigo reaproveitar dentro da minha casa? Como?
O melhor reaproveitamento de materiais são, geralmente, o das embalagens. Sacos plásticos e potes auxiliam muito no armazenamento de diversos produtos. Os vidros também são de grande valia quando pensamos em garrafas de sucos ou copos de molho e requeijão. Muitos outros reaproveitamentos podem ser feitos, lembrando sempre que reutilizar é mais valioso que reciclar, pois economizamos muitos outros recursos como água e energia.