Presente vários dias na bancada de autores guarulhenses na 3a. Bienal do Livro, o escritor Wilmar Soares nasceu nos arredores de Tupaciguara, uma pequena cidade do triângulo mineiro. Ali, ele autografou suas obras e, junto com seus familiares, conversou com leitores, contando um pouco de sua trajetória e dos motivos que o movem.
Antes de ir para Uberlândia, onde passou sua adolescência, viveu seus primeiros anos numa fazenda do interior de Goiás; isso justifica o cenário campestre em alguns de seus contos. Seu pai, homem do campo, era um exímio contador de histórias. Sempre que retornava à casa, após uma jornada laboriosa na lavoura, tomava a refeição com os filhos; então, reunia-os no terreiro da sala e, cheio de entusiasmo, contava os seus “causos”.
Por ser deficiente visual, Wilmar amava a riqueza de detalhes que seu pai usava nas narrativas. Isso contribuía para que a mente dele concebesse uma imagem perfeita dos personagens e lugares onde se passavam os eventos.
Por não conhecer o Braille, sistema de escrita e leitura para pessoas cegas, Wilmar Soares não teve acesso à escola na infância e só foi alfabetizado próximo dos trinta anos de idade. Entretanto, isso não o impediu de conquistar o bacharelado em Teologia e licenciatura em Letras. Apesar de dar a largada nos estudos bem atrasado, ele entrou na corrida e se esforça para estar entre aqueles que cruzam a linha de chegada e sobem ao pódio.

Ainda muito jovem, já morando em São Paulo, Wilmar e seu irmão Paulo Soares, também deficiente visual, brincavam de rádio-teatro, inventando histórias, interpretando seus personagens e gravando nas antigas fitinhas cassetes. Contudo, foi só aos 60 anos que escreveu seu primeiro conto, “O presente do futuro”, que compõe a trilogia de contos de Paulo e Wilmar.
Wilmar Soares não tinha esperança de se casar, pois pensava que nenhuma garota em são juízo iria arriscar o seu futuro com um jovem cego, pobre e analfabeto como ele. Porém um dia, na igreja onde se converteu a Cristo, conheceu Cleusa, com quem é casado há mais de 40 anos. O escritor recebe não só da esposa, mas também das duas filhas do casal e dos dois genros, incentivo e apoio para realizar o seu trabalho.

Em 2020, o escritor sentiu-se inclinado a escrever uma história infantil. Em 2021 essa história se tornou o episódio piloto de um desenho animado, que viria a ser a série “As Aventuras de Makarios e Merimnaw”, disponível na plataforma YouTube. O enredo gira em torno da vida de dois pardais. O escritor comunica ao coração dos pequeninos a confiança em Deus, o amor ao próximo e o cuidado com o meio ambiente.
Além do entretenimento, Wilmar procura comunicar através de suas obras os valores da família, da vida e da fé. Entre suas obras literárias destacam-se:
- A Agenda de Deus;
- O Deserto Florescerá;
- Como Vencer os Gigantes da Alma;
- Contos de Paulo e Wilmar (Volumes 1,2 e 3);
- Pequenas Pérolas de Grande Valor;
- A Caminho do Sol Nascente (romance lançado recentemente).
Quando Wilmar é indagado sobre o futuro, diz: “Eu sou um sonhador e ainda há muito espaço no meu coração para novos sonhos. Assim, se eu viver, e se Deus quiser, certamente chegarei bem mais longe.” Esse homem, mesmo não podendo ver a luz do dia, por meio de suas obras literárias, de suas canções sacras, de suas palestras, de artes visuais, e acima de tudo, de seu exemplo de vida, procura mostrar a luz da vida para milhares de pessoas pelo mundo afora.
Ele destina todo o resultado da venda de seus livros à Associação de Arte, Cultura e Educação Makarios e Merimnaw (Aacemm): www.asaventurasmm.com.
Os livros estão disponíveis por meio do site da Aacemm .
Contatos pelas redes sociais: @prwsoares