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Mercado de trabalho de X a Z

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Por Cris Marques

O mundo muda, dia após dia, e é inegável dizer que cada nova geração traz consigo características próprias que refletem diretamente em seu modo de agir e reagir aos demais. No mercado de trabalho, não seria diferente; afinal, essa geração Z já nasceu hiperconectada, acostumada a resolver as coisas na mesma velocidade de um clique e num contexto onde o “é pra ontem” e o “não dá pra esperar” imperam. Mas, se esse imediatismo e essa ânsia toda podem parecer um ponto negativo para alguns, saiba que existem empresas que conseguem enxergar isso como diferencial positivo. “A habilidade e intimidade com os eletrônicos e a velocidade da informação é algo natural para eles e, se pensarmos em um mundo conectado, com negócios gerenciados em tempo real e a tecnologia como ferramenta indispensável, ter em seu quadro de funcionários alguém que se sente ‘em casa’ utilizando tantos recursos tecnológicos, sem dúvida, é muito significativo’, afirma Elen Souza, assessora de carreiras da Catho, pioneira na oferta on-line de empregos.

Essa juventude de agora é muito inteligente, esforçada e rápida, mas, na mesma velocidade em que podem entregar resultados, esperam receber os lucros, o que nem sempre acontece. Assim, essa classe profissional tende a buscar constantemente novas oportunidades de trabalho. “O mercado não acompanha, em sua totalidade, os desejos dos jovens, ocasionando um desencontro de expectativas. Por serem bem novos, eles ainda precisam adaptar-se à forma como o mercado opera, para que as dores de iniciar e construir a própria carreira não sejam demasiadamente desestimulantes”.

O cenário perfeito

Segundo Elen, o grande desafio para as empresas é capacitar gestores que consigam estabelecer uma boa comunicação, despertar o comprometimento e criar vínculos com o profissional Z, um dos maiores desafios dessa geração. “É necessário que o mercado construa uma cultura organizacional, em que a diversidade seja vista como algo positivo, não ameaçadora. É claro que esses jovens terão que aprender com os outros funcionários, que estão acostumados com foco em resultado e metas, mas é preciso que essa maior interação deles com o mundo tecnológico e seu perfil multitarefas seja aproveitado. A possibilidade de ter os perfis X, Y e Z trabalhando juntos, alinhados e respeitando suas diferenças, com certeza, trará resultados expressivos”.

Alteração do modus operandi

 

Tiago Yonamine, CEO do trampos.co, plataforma de empregos, conteúdo e educação nas áreas de comunicação e tecnologia, acredita que as empresas ainda estão se acostumando com a entrada desses profissionais no mercado de trabalho e pecam justamente por esperar que eles tenham os mesmos comportamentos da geração anterior. “Apesar da diferença de idade entre as gerações Y e Z parecer pequena, há comportamentos específicos. Os nascidos após os anos 80 costumam levantar mais questões e buscar inovação. Já essa rapaziada nova, cresce num momento em que colaboração é a palavra-chave. Em tempos de redes sociais e economia colaborativa, como o Uber e o AirBnb, esses jovens buscam esse espírito de contribuição e coparticipação”.

Ele afirma que, em pouco tempo, a geração Y será maioria nas corporações, seguidos pela geração Z, e que é preciso saber ouvir, entender e tirar o melhor de cada época. “A diferença entre on-line e off-line para os mais novos é inexistente; por isso é natural que sejam atraídos por empregos que utilizem essas ferramentas que eles dominam. Entretanto, já é visível que a entrada dessa juventude, até em carreiras mais tradicionais, está mudando as formas de trabalho. Por exemplo, no trampos.co temos ofertas de trabalho em startups na área de medicina, oferecendo tecnologia para o setor hospitalar”.

Cabeça jovem

Entender a nova geração e, principalmente, agregar esse entendimento dentro do dia a dia das empresas pode ser um diferencial e tanto. É o caso da ação “Papo Cabeça”, desenvolvida pela Linea Brasil, especializada em racks, estantes, homes e complementos, que fica na região Sul do País. “Alinhada com as obrigações legais do governo em relação à contratação de jovens de 14 a 24 anos como aprendizes, atuamos aqui com o ‘Aprendiz Legal’. Mas queríamos ir além da obrigatoriedade e assim surgiu o ‘Papo Cabeça’, encontros bimestrais com essa turma, para debater temas como sexualidade, drogas, família, profissão, bullying e outros assuntos”, conta Wellington Fernandes, psicólogo organizacional da companhia e responsável por mediar esses papos.

Para ele, ser ouvido influencia na forma como essa garotada se vê, se comporta e atua em sua função. Além disso, essas reuniões geram informações importantes de como a empresa pode agir e aproveitar o potencial de cada um. “Esse projeto busca tornar nossos jovens mais preparados para lidar com as experiências profissionais e, até, pessoais, além de contribuir no primeiro passo de suas carreiras. Também esperamos que eles possam, mais adiante, desenvolver atividades que contribuam para o crescimento da Linea, inclusive ocupando cargos estratégicos”, complementa.

Leia mais sobre a série Geração Z, da Revista Guarulhos edição 109

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