Moradores e comerciantes do bairro Macedo, na região central de Guarulhos, estão passando um abaixo-assinado no site change.org, pleiteando a transferência do albergue localizado na praça dos Sindicatos, vizinho ao restaurante popular da avenida Monteiro Lobato.
Ao relatar as razões para essa mobilização, argumentam: “Enfrentamos uma situação que agride o nosso direito à segurança e qualidade de vida. O local se transformou num centro de acúmulo de pessoas que não só habitam a praça permanentemente em barracas improvisadas, mas também constitui um ponto para usuários de drogas. Essa situação resultou no crescimento de ocorrências de invasões a residências e ataques aos moradores locais”.
No site, citam: “Os espaços públicos são destinos comuns para os vulneráveis na sociedade, mas não devem ser o único lugar para eles. Necessitamos de intervenção imediata das autoridades correspondentes para a remoção do albergue. Isto deve ser acompanhado de esforços dirigidos para disponibilizar recursos apropriados e apoio integrado para os residentes temporários da praça, de maneira a atender suas necessidades sem comprometer a segurança e a tranquilidade da comunidade”.
Concluem conclamando a todos que valorizam a segurança, tranquilidade e direitos dos cidadãos a assinar a petição. “Juntos, nós podemos trazer uma mudança positiva para a nossa comunidade”.
DIFÍCIL SOLUÇÃO
A questão não é tão simples de resolver. Para onde quer que o albergue viesse a ser transferido, haveria reações da população próxima do local.
Várias experiências que buscaram dissolver a chamada “Cracolândia” de São Paulo resultaram infrutíferas, pois, quando muito, o resultado foi espalhar o problema para outros espaços da cidade.
Viver nas ruas não é uma escolha das pessoas, mas uma consequência de uma somatória de fatores, na maioria das vezes incluindo o uso indevido ou excessivo de substâncias, mesmo de bebidas alcoólicas. Tragados pelo vício, os usuários não são mais donos de suas consciências, perdem a autoestima e a motivação por buscar melhor condição de vida.
É comum cogitar que a questão é mais de foro pessoal e emocional do que econômico, tendo em vista que o desemprego apresenta a menor taxa das últimas décadas. No entanto, pessoas que não têm residência fixa têm mais dificuldade para serem admitidas.
Quando se agrupam em determinados locais, sentem-se acolhidos, pois têm histórias semelhantes, carregam as mesmas dores e incertezas. A maioria foi afastada das famílias, pelas mais diversas razões. Assim, as companhias das ruas passam a ser como se fossem suas famílias.
Como consta na petição dos moradores do Macedo, a melhor opção seria “disponibilizar recursos apropriados e apoio integrado”, ou seja, remover o albergue ou usar forças de segurança pública não seriam medidas suficientes, sendo necessário unir esforços de vários setores, incluindo Assistência Social e Saúde. A dificuldade é convencer as pessoas em situação de rua a aceitar tratamento. E essa dificuldade permanecerá, esteja o albergue no Macedo ou em outro lugar qualquer.
Valdir Carleto